Show de lançamento teve mais de três horas de atraso, compensado por boa apresentação
Doze anos de espera. Esse foi o tempo que os fãs dos Racionais tiveram que esperar para ver, e ouvir, um disco inédito. O lançamento de Cores & Valores (R$ 24,90, em média) aconteceu em São Paulo no sábado, no Espaço das Américas, e contou com a presença de aproximadamente 7.000 pessoas – entre elas, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP).
Uma atmosfera diferente tomava conta do ambiente do show, a começar pelo valor que os amantes do rap tiveram que desembolsar: R$ 140 era o preço do ingresso (inteira) para entrar na casa. Se quisesse tomar uma cerveja, mais R$ 10, água, R$ 6. E ingerir líquido foi quase que obrigatório, já que foi uma noite de calor intenso e a espera pela apresentação principal também foi longa.
A espera, no entanto, compensou. Enquanto os protagonistas não subiam ao palco, o público era brindado com muita música boa. O primeiro a subir ao palco foi o grupo Obstinados, que se emocionou ao dar início ao espetáculo que quebrava o silêncio de mais de uma década. Em seguida foi a vez do veterano Dexter, ovacionado, principalmente quando confessou que em 13 anos de prisão descobriu que “na vida o mais importante é a própria vida”.
Próximo ao horário da atração principal entrar em cena, a rapper Negra Li cantou seus grandes sucessos com a ajuda de dançarinas, que deram um show em performance. Ela aproveitou para desabafar e dizer aos críticos que não esqueceu suas origens e que ainda sabe fazer rap, e cantou música de Sabotage – morto em 2003 –, Rap é Compromisso, que levou os fãs ao delírio.
Já se aproximando da 1h e, com o público cansado, todos esperavam que o grande momento havia chegado, mas os minutos passavam e nada acontecia; não demorou muito para começarem as vaias.
E, quando a paciência de todos parecia ter se esgotado, veio o grande momento, abriram-se as cortinas e um cenário perfeito imitando as muralhas de um presídio apareceu, com portões com cifrões desenhados. De repente, uma explosão aconteceu e, dos portões escancarados, saiu Mano Brown, de trás das grades, surpreendentemente com um sorriso no rosto, e, com seu grupo, levou o público ao êxtase – que de imediato se esqueceu do aborrecimento que o atraso de três horas e 45 minutos causou.
Os Racionais começaram cantando músicas inéditas, o que não inibiu o público, que já dominava as letras devido ao lançamento digital realizado no mês passado. Essa nova fase é marcada por quantidade menor de gírias nas músicas, assim como menção aos crimes.
Na segunda etapa do espetáculo vieram as canções que mais fizeram sucesso, como Vida Louca partes 1 e 2, e Um Homem na Estrada, encerrando com o estouro de uma champanhe para brindar o retorno aos palcos. Na saída, os fãs já podiam comprar o novo CD e camisetas (R$ 70) com referências ao guerrilheiro Carlos Marighella.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.