O dólar teve forte subida nas últimas semanas, chegando à marca de R$ 2,70, o que beneficia os exportadores, os quais podem receber mais em reais pelo mesmo valor em dólar praticado na venda ao Exterior. No entanto, os consumidores são prejudicados pelo aumento dos preços de produtos importados – como as frutas secas da ceia de Natal – ou dos itens que têm componentes fabricados em outros países, como muitos eletroeletrônicos, por exemplo, por causa desse efeito cambial.

Segundo economistas, esse é um dos primeiros efeitos da valorização da moeda norte-americana – com alta estimada de 15% em relação a dezembro de 2013 (levando em conta o dólar médio atual a R$ 2,70). O professor de Economia da FGV (Fundação Getulio Vargas) Samy Dana cita que a economia brasileira já foi mais dolarizada, mas a influência do dólar ainda é grande no País. Ele acrescenta que, além do efeito direto do encarecimento dos preços de produtos com componentes importados, há ainda o efeito de encarecimento dos alimentos, por exemplo, porque fica mais atrativo exportar, o que reduz a oferta no mercado interno. “Paga-se mais para o produto não ser exportado”, diz.

Existe também outro efeito indireto. Para manter a inflação baixa, o Banco Central deve elevar os juros, o que encarece as compras a prazo. Segundo o professor do Mackenzie Agostinho Pascalicchio, isso serve para conter o consumo, reduzindo a atividade econômica, e reter dólares no Brasil para evitar fuga de divisas.

VIAGENS - O dólar mais alto também deve fazer muita gente rever seus planos de viagens ao Exterior. Enquete realizada pelo portal TripAdvisor apontou que 34% dos entrevistados agora estão planejando passar as férias em destinos nacionais, enquanto 20% disseram que pretendem gastar menos em compras no passeio a outro país e outros 13% afirmaram que ainda vão a um destino internacional, mas vão buscar hospedagem mais em conta.

De forma geral, os economistas citam que quem pensa em comprar a moeda norte-americana para viajar precisa ter em mente que é difícil imaginar que o patamar atual (do dólar turismo) de R$ 2,70 deve cair em 2015, embora não se trabalhe com a perspectiva de disparar para mais de R$ 3,50. “Não existe perspectiva de volta”, afirma o delegado do Corecon (Conselho Regional de Economia) no Grande ABC, Leonel Tinoco. “A tendência é (a taxa cambial) ficar como está hoje”, afirma Dana.