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Justiça argentina abre nova investigação contra Menem
Da EFE
10/08/2002 | 20:44
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O Ministério da Justiça da Argentina decidiu abrir nova investigação para determinar se o ex-presidente do país Carlos Menem possui contas bancárias não declaradas na Suíça. O novo pedido, que estende as investigações a quem formou parte do governo de Menem (1989-1999), foi formulado por Alejandro Rúa, chefe de uma equipe de procuradores do Ministério da Justiça.

A equipe ministerial colabora com o juiz Juan Galeano, a cargo da investigação sobre o atentado terrorista que no dia 18 de julho de 1994 destruiu a organização judaica Amia e deixou 85 mortos e 150 feridos. O procurador Rúa pediu ao magistrado que envie um pedido à Justiça suíça para verificar se o ex-presidente argentino possui contas não declaradas em bancos do país e saber as datas e o valor dos depósitos.

Menem foi envolvido nas investigações da explosão da Amia depois que o jornal The New York Times reproduziu, há três semanas, parte do depoimento à Justiça alemã de um ex-membro do serviço secreto iraniano. Segundo o ex-espião, chamado de Testemunha C, o ex-presidente teria recebido cerca de US$ 30 milhões do governo de Teerã para descartar o Irã nas investigações do ataque à organização judaica.

Menem inicialmente negou ter contas bancárias na Suíça. Depois, reconheceu a existência de uma aberta no nome de sua ex-esposa Zulema Yoma e de sua filha, Zulemita, onde disse ter depositados US$ 600 mil.

O ex-presidente alegou que o dinheiro era referente à indenização paga pelo Estado argentino por tê-lo prendido ilegalmente por quatro anos durante a ditadura militar que governou o país entre 1976 e 1983. Mas Menem não disse que o valor da indenização era de aproximadamente US$ 200 mil.

A Justiça iniciou uma investigação por suposta sonegação de impostos, já que ele não incluiu os US$ 600 mil em sua declaração de renda.

Em entrevista coletiva, Zulema Yoma e sua filha negaram na semana passada ter conhecimento da conta. Além disso, deixaram transparecer a possibilidade de o ex-chefe de Estado e seu secretário privado, o ex-policial Ramón Hernández, terem outros depósitos em bancos suíços.

A partir de então, as investigações judiciais tentam apurar se Menem possuía outras três contas bancárias na Suíça em sociedade com seu secretário privado, com outros ex-funcionários ou em nome de empresas fantasmas.

Essas contas teriam um capital operacional superior a US$ 10 milhões e numa delas figuraria o nome de Alejandro Tfeli, amigo e médico do ex-presidente da Argentina.

As investigações do juiz Galeano e do procurador Rúa tentam determinar também se Menem encobriu ou obstruiu a Justiça no caso do atentado que destruiu a Amia, o mais sangrento ataque terrorista na Argentina.

Essas investigações se unem às que estão sendo levadas adiante pelo juiz Norberto Oyarbide, que também solicitará informações ao governo suíço na causa sobre o suposto enriquecimento ilícito do ex-presidente argentino.

Segundo as investigações desse magistrado, o secretário privado de Menem abriu uma conta num banco suíço em nome da Red Spark Foundation, entidade cujas atividades são desconhecidas.

Nos pedidos que enviou à Suíça, o juiz Oyarbide também solicita informações a respeito de contas bancárias em nome de Alberto Kohan e de Armando Gostanián, que exerceram funções de governo durante a administração de Menem.




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