Uma chapa puro-sangue tucana, encabeçada por José Serra, foi descartada por completo pelo governador de Minas Aécio Neves, ontem, na cidade Bonito de Minas, a 690 quilômetros de Belo Horizonte.

O governador mineiro participou da inauguração de mais uma etapa de seu programa de pavimentação para acesso às pequenas cidades. Ele declarou que sequer cogita a hipótese de ser vice do colega paulista na disputa pelo Palácio do Planalto. "Sinto-me honrado em saber que algumas pessoas acham o meu papel importante no processo de sucessão e respeito todas as posições dentro e fora do partido, mas não mudo em nada o que foi dito à véspera", afirmou Aécio, referindo-se à sua desistência na briga interna pela candidatura ao governo federal. "Não há chance de reverter isso", ratificou.

Acompanhado pelo vice-governador Antonio Augusto Anastasia - seu nome para a sucessão em Minas -, Aécio foi recebido por quase toda a população urbana de Bonito de Minas, provou da paçoca (prato típico da região, uma espécie de farofa de carne seca) e até participou de uma cavalgada de cerca de um quilômetro.

Mesmo se tratando de uma típica cidade do interior, a polêmica decisão sobre a corrida presidencial motivou faixas e cartazes espalhados por todos os lugares, com frases como "Minas está de luto" e "Agora ou mais para frente, Aécio será presidente".

"Não estamos de luto. Os mineiros não se curvam jamais", disse o governador, ao reiterar que as manifestações de apoio do povo é o que lhe permite acreditar no futuro. CAMPANHA - Na coletiva de imprensa, Aécio Neves deixou escapar como será seu comportamento na corrida eleitoral do ano que vem, quando Minas Gerais receberá o presidenciável do PSDB. "Quando o partido definir seu candidato serei apenas mais um soldado entre tantos", comentou. "Mas quem vence a eleição é somente o candidato."

Até março, data de sua saída do governo e início da campanha pelo Senado, a agenda do governador mineiro será exclusiva aos compromissos pelo Estado.

Marina já esperava desistência do tucano mineiro

A senadora e pré-candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, afirmou ontem durante a convenção nacional de sua legenda, em São Paulo, que a desistência do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), à corrida sucessória presidencial de 2010 era esperada e poderá gerar alguma repercussão nas outras candidaturas.

Ela fez questão de ressaltar que, apesar dos eventuais impactos, a decisão do tucano não é determinante para os trabalhos do PV.

Marina disse que as preocupações dos verdes estão centradas neste momento na formulação de seu programa de governo. Ela classificou de "dolorosa" a decisão de sair do PT, mas destacou que agora está focada na construção de sua candidatura ao Palácio do Planalto. Segundo ela, o atual momento político é muito favorável à preservação de conquistas e avanço nas mudanças.

Após convenção, Marina Silva e correligionários do PV seguiram em direção ao Monumento das Bandeiras, no Ibirapuera, onde participaram de um abraço coletivo contra o aquecimento global. (da AE)