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CPI vai investigar ex-governador do Acre
Do Diário do Grande ABC
22/11/1999 | 18:53
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A Comissao Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico vai investigar as suspeitas de envolvimento do ex-governador do Acre Orleir Cameli com o tráfico de drogas. Segundo o deputado Robson Tuma (PFL-SP), o primeiro passo será comprovar a ligaçao de Cameli com o piloto de avioes Mauro Olivier de Castro, que transportava equipamentos eletrônicos em um aviao Boeing pertencente ao ex-governador. O aviao foi apreendido pela Receita Federal em agosto de 1995, no aeroporto de Cumbica. Castro também seria ligado a Antônio da Graça Motta, o Curica, considerado o maior traficante do País, já preso.

O piloto, preso no apartamento de Curica, em Manaus, há alguns anos, foi quem assinou o contrato de leasing do Boeing para Cameli. Segundo um dossiê do Ministério Público Federal, ele esteve nos Estados Unidos - onde foi feita a transaçao com o Boeing - junto com o ex-governador e todas as despesas foram pagas pelo governo do Acre. Cameli justificou, na ocasiao, que sua ida ao exterior era para tentar recursos no Banco Mundial.

No arrendamento do aviao, Mauro Olivier chegou a figurar como representante da empresa Marmud Cameli, pertencente à família de Orleir, e diretor de planejamento da Tropical Airlines, que seria uma firma "fantasma". Além disso, todos os tripulantes do aviao confirmaram terem sido contratados por Mauro Olivier, que teria comprado os equipamentos irregulares e que parecia ser o verdadeiro proprietário do boeing. Na época, o ex-governador afirmou que o aviao realmente era seu e pretendia comprar outros dez para usar em exportaçoes de produtos da Amazônia para outros países.

Para a CPI, as ligaçoes de Cameli com Mauro sao estranhas, já que o piloto também teria contatos com Curica e sua ex- mulher Sâmia Haddock Lobo. Ambos foram presos com cocaína, em 1994 e, segundo a polícia, representariam o Cartel de Cali no Brasil.

Segundo Robson Tuma, os dois podem ter relaçoes com o crime organizado na regiao de Valinhos - onde a família mora - e Campinas.

"Vamos também tentar verificar até que ponto há envolvimento do governador", afirmou o deputado. As primeiras denúncias sobre as irregularidades na aquisiçao do Boeing por Orleir Cameli e Mauro Olivier de Castro foram feitas há quatro anos pelo senador Romeu Tuma (PFL-SP). Outra coincidência, segundo o dossiê preparado por procuradores da República, é que Sâmia tinha uma empresa em Manaus vizinha à Marmud Cameli, da família do ex-governador.

Contra Cameli também existe a denúncia, feita há alguns anos pelo senador Tuma, de que ao assumir o governo do Acre, ele pretendia firmar um convênio estranho com uma empresa colombiana. A Mobil Ami Research Colômbia S/A pretendia emprestar US$ 165 milhoes para o Estado. Em troca, Cameli repassaria parte da floresta acreana como garantia. O negócio só nao foi concretizado por causa das denúncias de Tuma.




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