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Sandra Cinto põe arte na calçada
Everaldo Fioravante
Do Diário do Grande ABC
18/05/2001 | 18:19
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São Paulo ganha neste sábado uma obra pública da artista plástica andreense Sandra Cinto. A escultura em bronze, uma cama com os pés apoiados em livros, ocupará definitivamente um espaço na rua da Quitanda, área central da cidade. Essa é a segunda composição feita por Sandra para exposição ao ar livre. A primeira foi exibida em 1992, durante cinco meses, no Paço Municipal de Santo André.

A peça foi instalada ao lado do recém-inaugurado CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), promotor do evento O Afeto e a Cidade, que também reúne obras de outros três artistas selecionados pela curadora Katia Canton: Beth Moysés, Renata Pedrosa e Pazé.

Para Sandra, a diferença entre a obra vista em Santo André e a de agora é que esta ficará no meio da rua: “Foi difícil elaborar o trabalho. Uma coisa é fazer uma obra para ser mostrada em museus ou galerias, outra é desenvolvê-la para uma área aberta”.

Outra dificuldade de Sandra foi fazer a escultura para um local repleto de elementos visuais: “Camelôs, vendedores de churrasco, placas, entre outras informações tomam essa área. Então decidi que a obra deveria ter uma utilidade, além da função estética”.

A escultura tem 3,5 m de comprimento, 45 cm de largura. A altura do assento, também 45 cm, é própria para sentar. Como faltam bancos na área central de São Paulo, Sandra espera ver as pessoas descansando em sua cama.

A crítica social presente na escultura é evidente. Pode-se pensar, por exemplo, que, enquanto moradores de rua dormem pelas calçadas, quem passar pela cama poderá usá-la para repouso. Quanto aos livros que formam a base da cama, Sandra diz: “A idéia é de que eles, simbolizando a cultura, dão sustentação a tudo. Há também a referência ao livro interpretado como memória – essa área da cidade é próxima ao Páteo do Colégio, onde tudo começou em São Paulo”.

Idéias referentes ao lar, amor, afeto, nascimento e morte são algumas das que formam as propostas estéticas de Sandra. Em geral, as composições remetem a interpretações variadas. Os elementos cama e livro figuram em outros trabalhos da artista.

Conceitos à parte, essa escultura integra a partir de hoje a paisagem urbana paulistana. Todos poderão sentir seus efeitos e tirar conclusões pessoais. “Gostaria que um dia as pessoas passassem pela obra e dissessem que ela simboliza uma época em que gente dormia pelas ruas, tratando o fato como algo passado”, finalizou Sandra.

O Afeto e a Cidade faz parte do evento que inaugurou no mês passado a unidade paulistana do CCBB: Metro – A Metrópole em Você, que prevê, até junho, uma série de outras atividades.




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