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Polícia está concluindo inquérito do roubo no Banespa
Do Diário do Grande ABC
13/12/1999 | 21:52
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A polícia está concluindo o inquérito do assalto ao Banespa em Sao Paulo, ocorrido em 5 de março, no maior roubo a banco do ano no País, que rendeu aos ladroes R$ 37,5 milhoes. Estao identificadas 23 pessoas, que participaram direta e indiretamente do assalto. Dos 18 ladroes só um está foragido. A polícia recuperou dezenas de imóveis, carros, motos e dinheiro.

Durante as investigaçoes, dois advogados de dois ladroes foram mortos. Um deles havia denunciado investigadores que teriam roubado dinheiro de seu cliente.

Cinco policiais civis sao investigados pela Corregedoria da Polícia Civil, acusados de ter roubado dinheiro de alguns dos ladroes. Na semana passada a polícia prendeu o lutador de boxe Marcos de Oliveira Amaro, de 24 anos, e espera prender o último do grupo em liberdade: Nego Dois Metros.

Ladrao de bancos, ele estaria com cerca de R$ 3 milhoes. Para o delegado Ruy Ferraz Fontes, titular da Delegacia de Roubos a Bancos, e coordenador das investigaçoes, muitos dos que estao presos mentiram em seus depoimentos, alegando que haviam gastado todo o dinheiro.

O policial nao quis falar sobre o trabalho desenvolvido por sua equipe nos últimos nove meses. A pedido dos advogados dos ladroes foi decretado pela Justiça sigilo no inquérito. Somando o que já foi apreendido - dinheiro, carros, motos - e com casas e apartamentos seqüestrados pela Justiça, os policiais acreditam que o valor recuperado ultrapasse R$ 20 milhoes.

Família - O segurança Sidney Cirino, que trabalhava no Banespa e deu as indicaçoes para o assalto, continua negando ter recebido sua parte no roubo: R$ 3,5 milhoes. Os policiais que o prenderam informaram que os responsáveis pela partilha teriam dado o dinheiro para a família de Cirino, que está na Casa de Detençao.

Amaro, o lutador de boxe, ouvido na semana passada, contou ter recebido pela sua participaçao no assalto R$ 2,2 milhoes. Ele foi convidado para fazer parte do grupo por Abdinaldo Gomes Medeiros, apontado pelos demais ladroes como o chefe da quadrilha e responsável pelo plano, que começou na Penitenciária do Estado, no Carandiru.

Medeiros foi preso na Bahia, onde pretendia montar um comércio. Devolveu R$ 200 mil, mas a polícia acredita que ele esteja com mais de R$ 3 milhoes. Amaro alegou ter permanecido fora do prédio do Banespa, com um rádio de comunicaçoes, para alertar os cúmplices se a polícia chegasse. Os sacos com o dinheiro foram levados para duas vans e ele disse ter entrado numa delas. O grupo seguiu para a oficina mecânica de Robinson Gomes Gimenez, na zona sul, onde foi feita a partilha. Ele contou que as reunioes para discutir o plano ocorreram na casa do garcom Ricardo da Silva Soares, que está preso, também na zona sul.

Com sua parte, Amaro comprou 16 carros, uma moto, dez casas, uma delas para a irma, dois apartamentos no Cingapura da zona leste e um prédio com loja de som em Sao Caetano do Sul. Amaro queixou-se à polícia porque dois dias depois da compra ladroes roubaram sua moto de 1.000 cilindradas.

Advogados - Os advogados Fuad Hassud e Wanderlei Paleari Pereira, que defendiam os ladroes Edson Luiz Cervini, de 22 anos e Flásio Trindade de Souza, de 27, foram assassinados.

Hassud denunciou à Corregedoria da Polícia dois investigadores do 85º Distrito, do Jardim Mirna, que tinham efetuado a prisao de parentes de Souza e os libertaram depois que o assaltante apareceu. Ele teria entregue R$ 2,6 milhoes aos policiais. Dois meses depois da denúncia, o advogado, testemunha importante contra os investigadores, foi morto em circunstâncias misteriosas.

O advogado Pereira, que defendera Cervini em outros processos, era suspeito de ter articulado com três investigadores, da zona sul, o roubo de R$ 2 milhoes recebidos pelo ladrao. O dinheiro sumiu do apartamento de Cervini e, segundo o assaltante, Pereira estava negociando com os investigadores a devoluçao de um terço do total quando foi morto.




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