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PV pode crescer, mas não
como a 3ª sigla da região
Gustavo Pinchiaro
Do Diário do Grande ABC
24/04/2011 | 07:54
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O crescimento e o destaque em que a candidatura à Presidência de Marina Silva - terceira colocada com cerca de 20 milhões de votos - alçou o PV em nível nacional, no ano passado, não se reproduzem no Grande ABC. Os verdes se configuram na região como a quarta força partidária. Apesar disso, ainda não expõem planejamento coeso para conquistar mais espaço e ampliar a atuação nos Executivos e Legislativos.

Na última eleição municipal, o PV teve apenas um candidato a prefeito nas sete cidades. Elegeu Clóvis Volpi em Ribeirão Pires e 11 vereadores espalhados nos municípios - perdem apenas para PT, PTB e PSDB. As possibilidades mais concretas para o ano que vem são de dois candidatos a prefeito (Ribeirão Pires e Mauá) e um a vice (Rio Grande da Serra).

A participação do PV nas administrações de São Bernardo, Santo André, São Caetano e Diadema deve amarrar os verdes para 2012 e mantê-los como mais um partido na coalizão que pleiteiam cargos no primeiro escalão.

A situação verde em São Bernardo é confusa. Não há nenhum representante eleito. O ex-deputado estadual e hoje secretário de Gestão Ambiental, Giba Marson, chegou a ser pré-candidato a prefeito em 2004 e 2008, mas negociou o apoio ao então socialista e atual deputado federal William Dib (PSDB), que comandou o Paço por seis anos. Na segunda oportunidade, o verde quase ocupou a vaga de vice do atual chefe do Executivo, Luiz Marinho (PT), mas foi surpreendido com a indicação de Frank Aguiar (PTB) para o cargo.

Por muito tempo Giba comandou a legenda no município e, via intervenção estadual, Vera Motta passou a coordenar o partido no ano passado. A função dela seria de organizar o diretório e promover eleições diretas, o que ainda não ocorreu. A dirigente é criticada pela corrente "Verdes em Ação" de acumular cargos - secretária jurídica e vice-presidente da executiva estadual, coordenadora regional e dirigente de São Bernardo - e nomear familiares na coordenação do partido. Essa mesma corrente culpa a não eleição de um vereador em 2008 por conta do direcionamento financeiro para a candidata Marisete Marson (mulher de Giba).

Em Santo André, o PV garante, na teoria, que terá candidato a prefeito ou a vice. Mas na prática é diferente. O único vereador da sigla e presidente municipal, Donizeti Pereira, é o atual líder do governo Aidan Ravin (PTB) na Câmara. "Lógico que ele (Aidan) quer nosso apoio, mas não descartamos nada. Na política nada é definitivo", disse. Ele também garante ter organizado uma chapa com 60 nomes para conquistar até três cadeiras no Legislativo. Se o PV optar pelo apoio a Aidan, dificilmente terá a vaga majoritária, já que se a vice, Dinah Zekcer, não for repetida em 2012, o PMDB é o mais cotado para o cargo. Um voo solo ainda é pretensão distante para uma legenda de um homem só na cidade./CS

A deputada estadual Regina Gonçalves é o nome de destaque do PV de Diadema. A bancada do partido na Câmara, que teve a participação dela até o mês passado, agora tem apenas Milton Capel. Não há planejamento eleitoral definido no município, apenas de expandir a legenda. Regina, no entanto, manda um recado para o prefeito Mário Reali (PT): "Eu não posso achar que uma parceria está boa para mim quando não posso me movimentar e provar as políticas públicas que sempre defendemos. É um momento de reflexão do PV e do PT".

Em São Caetano, o PV está na base de sustentação do prefeito José Auricchio Júnior (PTB) desde 2005 e não lançará candidato ao Paço para apoiar o indicado do petebista. Os verdes são prestigiados na gestão. O presidente do diretório municipal, Juan Muñoz, ocupa o cargo de assessor de gabinete do chefe do Executivo e a Secretaria de Meio Ambiente está com Osvaldo Ceoldo. Maurício Fernandes é o único vereador. A sigla apresentou candidato à Prefeitura em 2004, porém Horácio Pires retirou a campanha poucos dias antes do pleito. Segundo Muñoz, a alegação para a mudança de conduta do PV está no comportamento da atual administração, "que agrega valor e demonstra ética".

 

Crise nacional invade sigla em Mauá

 

Mark Ribeiro

A crise nacional na qual o PV nacional está mergulhado invadiu Mauá. Em fevereiro, o então presidente municipal do partido, Atila Jacomussi, foi deposto pela executiva estadual. O motivo alegado foi o não cumprimento das metas estabelecidas para as eleições do ano passado, quando a sigla não atingiu os percentuais de votação desejados na cidade.

A partir de então, quem responde pela legenda na esfera municipal é a direção paulista, encabeçada por Maurício Brusadim. O mandatário foi o principal articulador para a filiação do ex-prefeiturável Mateus Prado, que teve a ficha abonada por Marina Silva e deverá receber as rédeas do PV mauaense nos próximos meses.

Este é o início de um árduo processo de reestruturação ao qual o partido terá de se submeter se quiser manter o crescimento registrado no pleito presidencial de 2010 e brigar para que o discurso de terceira via forte não vá para o ralo.

Com Mateus e Brusadim no comando, é questão de tempo a saída de Atila dos quadros verdes. Ele foi o candidato a vereador mais votado de Mauá em 2008, com 8.432 votos, mas possui sérios desentendimentos com a dupla.

Por outro lado, o caminho fica escancarado para o prefeito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi (aliado de Mateus e Brusadim), caso ele consiga respaldo jurídico para candidatar-se ao governo de Mauá - parecer do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) deverá chegar ao conhecimento de Volpi nas próximas semanas. Em caso de resposta negativa da corte, o candidato do PV a prefeito será Mateus Prado.

 

RACHA

Mauá também é palco da briga entre José Luiz Penna e Marina. O presidente nacional da sigla, temendo perder terreno, vislumbra oferecer a coordenação regional do partido para Atila. Com isso, enfraqueceria a ala de Marina, que tem Mateus e Brusadim. Mas a manobra dificilmente se concretizará. Isso porque o vereador, desgastado internamente, planeja disputar a eleição ao Paço em 2012 por outra legenda.

 

Em Rio Grande da Serra, o crescimento é pelas beiradas

 

Cynthia Tavares

Com bancada de dois vereadores na Câmara de Rio Grande da Serra - total de nove parlamentares -, o PV está galgando espaço para ocupar a vaga de candidato a vice-prefeito em uma chapa encabeçada pelo secretário de Obras, Gabriel Maranhão (PSDB), o provável sucessor do atual prefeito Adler Kiko Teixeira (PSDB).

O partido tem até um nome para sugerir aos tucanos, o de Edvaldo Guerra, vereador e ex-presidente do Legislativo. "O PV é a segunda força do município, pois com mais 40 votos faríamos o terceiro vereador (em 2008). Se o grupo governista entender que há disponibilidade de ocuparmos a vice, indicaremos o Guerra", disse o presidente municipal, José Carlos dos Anjos.

Durante cerca de um ano e meio, os verdes debandaram da base governista de Kiko e atuaram como independentes na cidade. Para emplacar a estratégia do partido, voltaram em lua de me com o chefe do Executivo de Rio Grande da Serra. O planejamento vai ao encontro com das prerrogativas da direção nacional em ter candidatos a prefeito ou a vice.

Desta forma, o PV no município é o diretório com mais chances de emplacar o crescimento da legenda.

 

Ribeirão pode deixar de ter candidatura própria a prefeito

 

O possível candidato governista à sucessão do prefeito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi, é o responsável pelo racha interno no PV da cidade. Isso porque o prefeito não dá certeza de que vai apoiar um nome da legenda e cogita lançar o atual vice Edinaldo de Menezes, o Dedé (PPS). Sem entendimento, dois vereadores estão de saída da legenda.

O presidente da Câmara, Gerson Constantino, articula internamente para ser o indicado de Volpi na corrida pelo Paço. No entanto, a informação que circula nos bastidores é de que o PV terá de se contentar com a vaga de vice-prefeito. "Daí vou sentar e analisar. Posso aceitar ou não", desconversou Constantino.

Por conta deste imbróglio, o vereador Saulo Benevides, que rompeu com Volpi (PV) em 2008 após perder a vaga de vice na eleição municipal, estuda se transferir para PSC ou PMDB. A legenda que tiver a melhor condição de sustentar sua candidatura a prefeito será a escolhida.

Koiti Takaki é o segundo vereador a planejar o abandono. O rumo é o PHS, que, inclusive, já é comandado na cidade pelo seu chefe de gabinete na Câmara por influência do mesmo.

 "Luto para que eles fiquem. Mesmo assim, com todo respeito, não existe ninguém insubstituível", avaliou o presidente da Câmara de Ribeirão Pires, Gerson Constantino.




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