George Clooney interpreta um investigador federal paspalhão, enquanto Brad Pitt é um personal trainer nada inteligente. Colocar esses dois astros de Hollywood em papéis tão diferentes dos que estão acostumados a fazer é uma tarefa para poucos, mas possível, se os diretores forem Joel e Ethan Coen. Acrescente a isso atores como John Malkovich, Frances McDormand, Tilda Swinton e Richard Jenkins, e temos "Queime Depois de Ler", que estréia nesta sexta-feira nos cinemas do Grande ABC e de São Paulo (veja o trailer).

Primeiro trabalho dos irmãos Coen após o aclamado "Onde os Fracos Não Têm Vez", vencedor do Oscar de melhor filme deste ano, o longa representa a volta da dupla ao gênero que sabe fazer melhor - a comédia de humor negro -, lembrando produções anteriores como "Fargo" (1996) e "O Grande Lebowski" (1998).

Em uma história em que quase todos os personagens poderiam ter sido indicados ao Darwin Awards (espécie de ‘premiação' para pessoas que morrem de maneiras estúpidas), o papel de Malkovich é talvez o mais sensato. Ele vive o explosivo analista Osborne Cox, que é demitido da CIA (a agência de inteligência norte-americana) no início do longa.

Osbourne vive um casamento à beira do fim com a fria Katie (Tilda Swinton), que, por sua vez, mantém um caso com Harry Pfarrer, personagem de Clooney. Sem emprego ou perspectiva de vida, ele decide escrever as memórias de sua vida, que vão parar em um CD encontrado na academia onde trabalha Linda (Frances McDormand), uma mulher que sonha em fazer cirurgias plásticas e tenta arranjar um companheiro pela internet, sem perceber que seu chefe, Ted (Jenkins), é apaixonado por ela.

Acreditando que o CD contém informações valiosas para o governo americano, Linda e seu colega Chad (Pitt) saem no encalço de seu dono, esperando conseguir um dinheiro extra. A partir daí, as histórias de todos os personagens se cruzam e levam até um final absurdo.

Com esse roteiro sem muito pé nem cabeça, "Queime Depois de Ler" é uma comédia sem piadas óbvias ou humor escrachado, para ser degustada com requinte. O trabalho dos Coen não leva o espectador a rir às gargalhadas, mas vale por fazer pensar sobre a estupidez humana.