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Grito dos Excluídos termina com protesto de punks
Do Diário do Grande ABC
12/10/1999 | 16:25
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A primeira marcha do Grito Latino-Americano dos Excluídos terminou, nesta terça-feira, marcada por um tumulto causado por um grupo de punks encapuzados e outros manifestantes que picharam e quebraram a placa de identificaçao da Embaixada dos Estados Unidos. A Polícia Militar nao interveio.

O Grito dos Excluídos, manifestaçao que anualmente reúne representantes de movimentos sociais de todo o Brasil, ganhou este ano um sotaque internacional. Depois de cinco anos mobilizando sem-terra, pequenos agricultores, trabalhadores e desempregados brasileiros, o Grito foi ampliado, numa versao latinoamericana realizada simultaneamente nesta terça-feira em outros 13 países das Américas.

No Brasil, cerca de 2 mil manifestantes se reuniram na capital federal, onde protestaram contra a política neoliberal do governo, a ingerência do Fundo Monetário Internacional (FMI) na economia nacional e a interferência norte-americana nos países da América Latina.

A manifestaçao, que durou toda a manha e mobilizou mais de 300 homens da Polícia Militar do Distrito Federal.

Na porta da representaçao diplomática norte-americana, os manifestantes inovaram e, ao invés de queimar a bandeira, cobriram-na de cruzes representando as mazelas da América Latina: fome, analfabetismo, dominaçao cultural e corrupçao, entre outros. Depois, a bandeira foi manchada com uma tinta vermelha que representava, segundo os organizadores do protesto, o sangue derramado nos países do Terceiro Mundo em conseqüência das perversas políticas impostas pelo FMI.

Organizado pelas pastorais sociais da Confederaçao Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), pela Central Unica dos Trabalhadores (CUT), pelo Movimento dos Pequenos Agricultores e pela Confederaçao Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag), o primeiro Grito Latinoamericano dos Excluídos por Trabalho, Justiça e Vida foi acompanhado ainda por representantes de todos os países da América Latina que aderiram à manifestaçao.

Estavam previstos protestos nesta terça-feira no Uruguai, Paraguai, Peru, Bolívia, Colômbia, Equador, México, Panamá, Costa Rica, Guatemala, Honduras, Nicarágua e nos próprios EUA. No Brasil, foram organizadas manifestaçoes ainda no interior de Roraima, Amazonas, Paraná, Tocantins, Sao Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.

Em Brasília, a caminhada começou às 9h, na Praça do Compromisso, onde há três anos o índio Galdino foi incendiado por um grupo de adolescentes. Da praça, os manifestantes seguiram para a embaixada da Indonésia, ampliando o grito para além da América Latina. "Vamos chegar em silêncio em homenagem aos nossos irmaos de língua portuguesa que estao morrendo no Timor Leste", explicava o apresentador da marcha do alto do carro de som.

Apesar dos apelos dos organizadores pela paz, um pequeno grupo de manifestantes tentou forçar a entrada na embaixada através do cordao de isolamento da polícia. Foram os próprios organizadores do protesto que se encarregaram de acalmar os ânimos do grupo.

Depois de cantarem com a bandeira do Timor erguida e de pichar a palavra "assassinos" na calçada da embaixada, os manifestantes seguiram para a representaçao diplomática da Colômbia. "Nós estamos aqui porque nao agüentamos mais a ingerência dos Estados Unidos na vida política e econômica dos países da América Latina", afirmou do carro de som o padre Luiz Bassegio, das pastorais sociais da CNBB. Na porta da embaixada da Colômbia, um grupo do Movimento de Meninos e Meninas de Rua desfilaram carregando as bandeiras dos 14 países que participam do Grito. A manifestaçao terminou às 13h, em frente à embaixada dos Estados Unidos.




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