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Unesp lança dicionário feito para os jovens
Nelson Albuquerque
Do Diário do Grande ABC
25/04/2005 | 14:13
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Um novo dicionário está na praça. Mas este busca um público específico, não contemplado por títulos como Aurélio, Houaiss e Michaelis. Acaba de ser lançado o Dicionário Unesp do Português Contemporâneo (Unesp, 1.470 págs., R$ 95), organizado por Francisco S. Borba e direcionado a estudantes do ensino médio e dos primeiros anos de faculdade. A necessidade, segundo Borba, foi detectada pelo Ministério da Educação. O dicionário da Unesp procura auxiliar o aluno no uso da palavra com adequação. “É pensado para ajudar o estudante a escrever o texto dele com firmeza”, afirma Borba. Para tanto, cada verbete tem exemplificação e contextualização sistemática.

O número de verbetes e acepções são bem maiores nos títulos mais conhecidos: 160 mil e 272 mil, respectivamente, no Aurélio; 228 mil e 380 mil, no Houaiss; e 200 mil, para ambos os casos, no Michaelis. “Estes são grandes repositórios do léxico da língua portuguesa”, diz Borba.

Já o Unesp tem um conteúdo mais enxuto – 58.223 verbetes e 110.895 acepções –, especialmente escolhido entre o vocabulário mais usado atualmente. “É um léxico real, não virtual”, diz o organizador.

Para chegar a essas 58 mil entradas, Borba e sua equipe pesquisaram o português contemporâneo e formaram um banco de dados de cerca de 90 milhões de palavras. “Para pesquisar fizemos uma recolha de textos, de 1950 para cá, com o português escrito no Brasil”, conta. Foram consultados jornais, literatura técnica e ficcional, oratória, poética e até script de novela, entre outras fontes, com predominância da linguagem jornalística praticada nas grandes capitais dos Estados.

Entre as entradas, há palavras simples, compostas, expressões idiomáticas e frases feitas. Como exemplo, “cabide de empregos : (...) local ou instituição que abriga funcionários contratados como recompensa a favores políticos e não por mérito próprio”.

São interessantes também as explicações etimológicas. A expressão “à beça” é derivada de um nome próprio, do jurista alagoano Gumercindo Bessa, que teria vencido com muitos argumentos disputa judicial com Rui Barbosa. “O senhor tem argumentos à Bessa”, teria sido a frase que originou a expressão. Os palavrões não foram ignorados. “Achamos que escamotear essa informação seria tapar o sol com a peneira. A liberdade de expressão é maior que se pensa. Só não é necessário dar exemplos de como se usa o palavrão”, diz Borba.

O organizador não acredita que a obra, por ser fechada em um período relativamente curto, perderá sua função em pouco tempo. “Dicionário é sempre datado. Mas não acredito que palavras novas surgidas nos próximos dez anos farão grande diferença. Da forma que está, o dicionário (Unesp) servirá por muito tempo”.



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