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Idoso sofre com inflação de 7,01%
Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
14/10/2011 | 07:31
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Alimentação e Saúde. Esses são dois dos grupos de produtos e serviços que mais pesam no bolso dos consumidores da terceira idade, que hoje estão presentes em 36,5% das famílias da região. E em setembro, essas despesas contribuíram para que o Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade acumulasse 7,01% em 12 meses.

Na ponta do lápis, se o carrinho de compras do supermercado custava R$ 150 no fim de setembro de 2010, hoje, com os mesmos produtos, terá o preço de aproximadamente R$ 160.

O IPC-3i é desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas. A sua metodologia é semelhante aos demais índices de inflação, no entanto os grupos alimentação, habitação e saúde e cuidados pessoais têm maior peso. Isso porque esses grupos, normalmente, são os principais gastos desses consumidores.

A variação do indicador no terceiro trimestre foi de 0,91%. O grupo habitação teve a maior influência positiva no índice, com alta de 1,25% entre julho e setembro, mas os consumidores da região reclamam mais dos alimentos, que segundo o Ibre/FGV, subiram 0,82% no trimestre.

"Há poucos meses os gastos da nossa família no mercado, por semana, eram de R$ 100. Hoje não saem por menos de R$ 130", contou a aposentada andreense Maria Paula Fernach, 84 anos. Beneficiária da Previdênca desde 1979, após 40 anos lecionando às crianças da 1ª à 8ª série, Maria afirmou que os encarecimentos mais perceptíveis são dos alimentos.

O ex-motorista e aposentado Enéas Rodrigues de Sousa, 66 anos, também reclamou dos preços dos alimentos. "Você vai no mercado, faz as compras, e tudo aumenta. Mas o salário não sobe como os preços", destacou.

Na casa do ex-bancário de Santo André Jovelino Eurides Petri, 72 anos, que é aposentado desde 1988, o leite é um dos principais alimentos. Em média a sua família consome um litro do produto por dia. "É comum ver o leite subindo nos mercados", ressaltou.

A reclamação de Petri vai de acordo com o resultado da pesquisa do Ibre/FGV. A terceira maior contribuição para elevar o IPC-3i foi do leite longa vida. O produto encareceu 6,18% no período. E, sozinho, garantiu 0,8 ponto percentual no indicador, que variou 0,91%.

Petri criticou também a inflação que enfrenta para manter seu veículo. "O combustível vem subindo muito. E isso faz com que percamos um pouco de qualidade de vida. Não podemos viajar como antes, pois tenho que gastar R$ 100 para gasolina e mais R$ 100 de pedágio", explicou.

O grupo de consumidores da terceira idade também sofre com os gastos em medicamentos, pois acaba demandando os produtos para manter a saúde em dia. No IPC-3i, esses produtos, que estão incluídos no grupo saúde e cuidados pessoais, encareceram em média 1,19%. E, muitas vezes, além da inflação, os idosos sofrem com outro agravante que pesa no bolso, a necessidade de mais medicamentos. "A médica passou mais dois remédios para a minha esposa e só um deles custa R$ 125", contou o ex-motorista Enéas Sousa.

No entanto, essa não é uma regra, garante a costureira e aposentada Maria Aparecida Claro, 75 anos. Ela contou que não gasta com medicamentos, pois tem uma receita especial de xarope caseiro que garante sua vitalidade. "É bem melhor que remédio", brincou.


Indicador fica abaixo da média dos brasileiros

 

Apesar da alta variação de preços à terceira idade, de 7,01% em 12 meses encerrados em setembro, e superior ao teto da meta do governo federal de 6,5% para 2011, o IPC-3i do ficou abaixo da inflação nacional. Conforme o Ibre/FGV, o Índice de Preços ao Consumidor - Brasil, que capta a variação dos preços para as famílias com renda entre um e 33 salários-mínimos, subiu no mesmo período 7,14%.

Mas em relação à alta dos preços apenas no terceiro trimestre, o IPC-Br apresentou resultado inferior, com 0,86%, contra 0,91% do IPC-3i.

Dentro desse período, os consumidores considerados em ambos os índices aproveitaram deflação apenas em julho. Naquele mês, o IPC-3i caiu 0,08% e o IPC-Br teve decréscimo de 0,04%.

As maiores contribuições positivas para o IPC-3i foram o limão (+187%), os planos de saúde (+1,92%), o leite longa vida (+6,18%), o aluguel residencial (+2,21%) e a taxa de água e esgoto (+2,94%).

Por outro lado, os itens que ajudaram a segurar o indicador foram a batata inglesa (-29,9%), o alho (-28.7%), o tomate (-19,7%), a cebola (-20,3%) e a manga (-20,2%).




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