Diante do entrave na negociação entre General Motors do Brasil e Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos para investimento de R$ 630 milhões na unidade do Interior paulista, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, discutirá com a empresa a viabilidade de trazer o investimento para a cidade.

Caso isso ocorra, estima-se que serão abertos 1.000 postos de trabalho, fora os 1.500 que serão gerados com o aporte de R$ 1,35 bilhão que a montadora destinará para modernizar a linha de montagem de veículos no Grande ABC. "Com este valor é possível criar o terceiro turno, aumentando nossa capacidade produtiva", pontua Silva.

Para credenciar a unidade de São José dos Campos ao investimento, a GM propôs estender a jornada diária em duas horas, trabalhar 20 sábados no ano e reduzir o teto salarial dos funcionários que serão contratados, segundo o diretor do Sindicato na região, Renato Bento Luiz. "Não aceitamos. E pedimos também que nos sábados fossem pagas horas extras de 150% e de 200% aos domingos."

A General Motors foi procurada pela reportagem, porém, não se manifestou sobre o assunto. Luiz acrescenta que a montadora não revelou a quantia a ser investida, se haveria contratações ou se colocaria novos modelos para serem fabricados na unidade fabril.

Há duas semanas aconteceu audiência no Ministério Público entre a companhia e o Sindicato, mas as partes não chegaram a acordo na proposta. Mesmo diante do impasse, a entidade diz estar disposta a dialogar novamente sobre o assunto.

IMPACTO - Na avaliação de Cidão, a unidade são-caetanense está preparada para negociar com a empresa a vinda desta verba. "Desde que seja paga hora extra e a jornada semanal não ultrapasse 40 horas, iremos à mesa para negociar." De acordo com o ele, em acordo com o sindicato, os funcionários poderiam trabalhar ainda dois sábados por mês.

O sindicalista disse que encaminhará hoje à GM ofício solicitando reunião com a diretoria e o departamento de Recursos Humanos. "Nosso temor é que os R$ 630 milhões sejam destinados à outra unidade". O Grande ABC conta com aproximadamente 7.000 trabalhadores.

PANORAMA - Em março, a companhia anunciou ao mercado que aportará R$ 1,4 bilhão no Estado de São Paulo, sendo maior fatia para unidade de São Caetano, que até o fim de 2011 produzirá dois novos modelos. A capacidade desta planta será alavancada em 30%, saindo dos atuais 210 mil para 270 mil carros fabricados.

O restante, R$ 50 milhões, será aportado na unidade de autopeças da General Motors em Mogi das Cruzes (SP), para dar suporte à necessidade da linha de montagem de veículos no Grande ABC.