Vinícius Silva Alves, 10 anos, de São Caetano, não sabe se a barata serve para alguma coisa. "Acho que não deve ser importante. É muito suja e pode transmitir doenças", diz. Ele sabe que durante à noite, o bicho pode procurar restos de comida. Por isso, é preciso manter os alimentos em pacotes bem fechados. Também não pode deixar a casa suja, pois o inseto adora ambientes nesse estado.

É difícil acreditar, mas a barata tem função muito importante: alimenta-se de restos de animais e faz reciclagem de matéria orgânica em decomposição. Por isso, é considerada a faxineira do planeta!

Além disso, serve de alimento para pássaros, lagartos, cobras e outros bichos. Isso é fundamental para manter o meio ambiente em equilíbrio. Cientistas britânicos também descobriram que substâncias presentes no inseto podem ajudar no desenvolvimento de tratamentos contra doenças causadas por bactérias.

A barata pode ser encontrada em qualquer lugar do mundo, mas apenas 1% vive nas cidades, sendo considerada praga urbana. O tamanho varia de três milímetros a 10 centímetros. Tem dois olhos simples (chamados ocelos), que detectam a luz, mas não formam imagens, fazendo com que enxergue pouco. Assim, as antenas são as principais ferramentas para que perceba o que existe a sua volta. Por meio delas, detecta vibrações, mudanças de temperatura e umidade.

Gosta de lugares quentes e úmidos. É fácil achá-la sob pedras, folhas, além de esgotos, cozinhas e banheiros. Tem hábito noturno e costuma procurar alimentos e parceiros para acasalar neste período. Em geral, o macho é menor do que a fêmea. Reproduz-se por meio de ovos, que dão origem às ninfas, primeiro estágio de desenvolvimento. Passa por várias mudanças até se tornar adulta.

Das cerca de 4.000 espécies conhecidas, só duas que vivem no Brasil são consideradas perigosas: a barata de cozinha (ou alemã) e a barata de esgoto (ou americana). O inseto pode transmitir doenças por meio de bactérias, fungos e vírus que ficam grudados em suas patas.

Muito antiga
A barata é um dos habitantes mais antigos da Terra. Teria surgido há 400 milhões de anos. Especialistas dizem que, apesar disso, o inseto não mudou muito ao longo do tempo, pois sempre viveu escondido. Isso teria impedido seu desenvolvimento.

Há quem diga que o bicho é mais resistente do que as baleias e os tubarões. Em 2001, pesquisadores norte-americanos encontraram o maior fóssil completo de barata que habitou o planeta há 300 milhões de anos.

Por terem se transformado em pragas urbanas, muitos pesquisadores estudam como tornaram-se resistentes aos inseticidas. O objetivo é encontrar uma forma de controle desses insetos.

A barata vive desde alguns meses até três anos. A espécie encontrada nas cidades pode ficar cerca de três dias sem água e dois meses sem comida.

A barata adora ficar escondida. Acredita-se que para cada uma que é vista, há outras 1.000 que não se vê.

Outros bichos importantes
As pessoas podem achá-los nojentos, mas bichos como os insetos são muito importantes. Antes das grandes cidades surgirem, havia menor quantidade desses animais. Naquela época, cumpriam funções diferentes das que têm hoje. Com a urbanização e o aumento da produção de lixo, encontraram grandes fontes de alimentos. Assim, se reproduziram mais rápido, tornando-se pragas.

Entretanto, se algumas espécies desaparecessem completamente, a natureza teria problemas. Se os mosquitos, principalmente os que vivem nas florestas, sumissem, os peixes que se alimentam de sua larva morreriam de fome. A extinção da lagartixa, por sua vez, aumentaria a população de mosquitos, moscas, baratas e outros insetos.

A formiga é a jardineira da natureza. Escava o solo, ajudando a ventilá-lo, e espalha sementes, tarefa muito importante para a agricultura. Também é um dos principais predadores de outros insetos.

Consultoria do biólogo Odair Correia Bueno, do Centro de Estudos de Insetos Sociais da UNESP.