Política Titulo Inexperiência
Casalinho possui
gravação do roubo

Secretário de Obras de Santo André diz, agora, que vítima
ligou em seu celular antes do assalto ocorrido em 13 de junho

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
03/09/2011 | 07:40
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O secretário de Obras e Serviços Públicos de Santo André, Alberto Casalinho, veio a público para revelar que possui cópia do sistema de monitoramento em que registra todo o momento do roubo da mala no estacionamento do prédio da Pasta. Após depoimento dos guardas- civis municipais, que acompanharam a ocorrência, no Ministério Público, Casalinho confessa que errou ao omitir informações. "Talvez pela inexperiência de tratar o fato como algo pontual."

A Promotoria chegou a enviar ofício pedindo a gravação do assalto ocorrido dia 13 de junho, só que o estacionamento Multipark justificou que as imagens apenas ficam no armazenamento por 30 dias, por ser rotativo. Porém, o secretário confidencia que, para se precaver, requisitou uma cópia própria. "Está comigo para apresentar ao MP, mas é extraoficial. Todo sistema se apaga de forma contínua. Quando teve o ocorrido, é óbvio que tirei cópia e guardei comigo."

Apesar de ter citado anteriormente em entrevista ao Diário que não sabia quem era o condutor do carro roubado, agora, Casalinho recua e admite que encontrou-se em uma única oportunidade com o empresário Alberto Jorge Filho, dono da construtora São José, braço da Brookfield. Ele alega que não tinha nenhum relacionamento com o assaltado. "Conheci Alberto há quatro, cinco meses, não sei precisar, quando o pessoal da Brookfield teve reunião conosco por conta de sistema viário que vai ser feito na Avenida Industrial."

As empresas estão envolvidas no empreendimento residencial e comercial Jardim Park House, na Avenida Industrial, 780. A obra está irregular em Santo André, sem alvará de construção. O secretário comenta que o motivo da reunião se deu em razão da compensação da obra. "É contrapartida de construção de alguns prédios na redondeza."

Segundo Casalinho, mesmo sem intimidade com a vítima, Jorge Filho ligou para seu celular dizendo que estava sendo perseguido e indagou se podia estacionar o automóvel no prédio, já que ele não conhecia as proximidades - o empresário é morador da Capital. "Estava em reunião com os diretores e assessores. Recebi o telefonema fatídico e fui avisar a guarda. Quando desci, me avisaram que havia ocorrido o assalto."

O secretário relata que Jorge Filho estava "extremamente branco", externando nervosismo, por isso o chamou para tomar copo d'água na secretaria. "Subi com o camarada, o levei na minha sala, onde estavam todos os diretores, ofereci café, porém ele queria ir embora rapidamente." Ao descer ao estacionamento, Casalinho mostrou as imagens do sistema de monitoramento e ofertou a gravação ao empresário. "Falei que era só ele pedir ofício à Secretaria de Segurança, mas o cara não quis e também falou que não ia fazer boletim de ocorrência." 

Titular de Obras se propõe a depor no Ministério Público 

Justificando não dever nada no caso, o secretário de Obras e Serviços Públicos de Santo André, Alberto Casalinho, se propôs a comparecer de espontânea vontade na Promotoria Pública para conceder depoimento sobre tudo o que sabe do episódio do roubo da mala. "Não fui chamado pelo promotor para explicar o que presenciei, mas me coloco à disposição. Tem outros seis ou sete diretores que viram o fato."

O secretário salienta que, como o caso está sob investigação no MP, todas as partes deveriam ser ouvidas, pois diante do cenário atual parece que já existem indiciados. "Dá impressão que nós somos culpados, eu e o empresário." Casalinho continua imputando a proporção do episódio às maquinações da oposição e reconhece que contribuiu para que o caso se arrastasse por mais de dois meses. "Assaltos são corriqueiros na proximidade. Eu errei. Se naquele momento tivéssemos colocado ponto nisso, não teria tomado esse vulto. Mas achei que era irrelevante."

Segundo Casalinho, empreendimentos da Avenida Industrial, 780, não têm nada a ver com Secretaria de Obras. "Quando conheci esse pessoal, esse projeto não havia sido discutido. Não tem nada a ver uma coisa com outra. Particular é com Habitação. Vem para nós algum pitaco na mudança do sistema." Há informações de que em virtude da contrapartida, a Secretaria de Obras teria poder para interferir no projeto viário no empreendimento residencial e comercial Jardim Park House. 

MUDANÇA

A Pasta de Obras terá novo endereço. Hoje, está no prédio na esquina da Rua Catequese com a Padre Anchieta. A futura casa ficará, curiosamente, na proximidade do empreendimento da vítima do roubo. Será área doada, no antigo conjunto Iapi.




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