A atitude do gabinete do vereador de Santo André Gilberto do Primavera (PTB), de realizar doação à doméstica Márcia Salete Santiago, caracteriza clientelismo. A andreense procurou o parlamentar em busca de roupa e cesta básica, mas na segunda-feira recebeu 22 quilos de banana em sua casa. O Diário noticiou a situação na edição de ontem.

Para o cientista político e professor da Fundação Santo André Marco Antônio Carvalho Teixeira, a ação do petebista simula indiretamente compra de voto. "Apesar de não ser época eleitoral, evidencia-se este quadro por criar dependência do eleitor ao vereador", disse.

O docente alertou ainda para os riscos que o parlamentar corre. "Ele pode ter candidatura invalidada. É algo condenável", considerou. Teixeira ressaltou que não cabe ao parlamentar prestar este tipo de atendimento aos munícipes. "O papel do vereador é trabalhar pelo coletivo. Neste caso, ele deveria ter enviado a demanda para órgão responsável, mas não fazer a doação", argumentou.

Léo Pimenta, assessor que assumiu a culpa pelo envio errado das doações, desconhecia a ilegalidade da entrega. "Não sabia que não fazia para particular", declarou ao Diário na terça-feira.

A professora da Universidade Federal de São Carlos, Maria do Socorro Souza Braga, argumentou que este tipo de comportamento é algo comum na política. "É abrangente. Ocorre nos três níveis, o que muda é objeto de troca", explicou.

NADA MUDA

Primavera declarou que não irá exonerar Pimenta. "O meu assessor não tem culpa dessa situação, que foi planejada. Tentaram fazer sacanagem em uma ação criminosa e arquitetada", afirmou o petebista. Ao ser questionado sobre quem teria planejado esta ação, o vereador não quis se manifestar. A equipe do Diário tentou contato com Pimenta, mas não obteve retorno.