Equipamentos da região disponibilizam 484 lugares para 2.331 indivíduos sem moradia
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Nesta semana, o Grande ABC registrou baixas temperaturas, com os termômetros chegando a 10°C. Por causa do frio extremo, se toda a população em situação de rua procurasse abrigo nos equipamentos de acolhimento da região, 1.867 indivíduos não seriam atendidos. No total, estão disponíveis 484 vagas de pernoite para 2.331 desabrigados, ou seja, média de um espaço para cada cinco pessoas.
Os dados não contabilizam Diadema, que não informou os números. Rio Grande da Serra é a única cidade da região que não possui nenhum serviço de acolhimento noturno e tem uma população de rua estimada em 58 pessoas, de acordo com o Cecad (Consulta, Seleção e Extração de Informações do CadÚnico). Segundo o Paço, o município deve ganhar em breve, ainda sem data definida, uma Casa de Acolhida, com 20 vagas.
Sobre a oferta de espaços, as prefeituras justificam que o número é suficiente devido à baixa adesão aos serviços. Outro fator apontado pelas administrações é a rotatividade desse público, que circula entre diversas cidades da Região Metropolitana de São Paulo.
Apesar de alegar número suficiente perante à demanda, durante o inverno ou em baixas temperaturas, os paços de Santo André, São Bernardo e Mauá informaram que ampliam a oferta de vagas nos equipamentos caso haja necessidade. Os espaços também recebem animais de estimação.
Por outro lado, o coordenador regional do Movimento Nacional da População de Rua, Thiago da Silva Quintanilha, alega que parte da população não utiliza o serviço por série de problemas, como mau atendimento, falta de limpeza, superlotação, penalizações por descumprimento de regras, entre outros.
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“São vários os fatores, muitos espaços necessitam de manutenção e outros não têm espaço, porque quem entra não quer sair, principalmente neste frio. Outro ponto é a avaliação, se você estiver limpo e com uma roupa um pouco mais ‘arrumada’, você não é aceito, porque eles só consideram a pessoa em situação de rua se estiver suja e fedendo”, explicou o coordenador. As prefeituras afirmaram que não registraram neste ano nenhuma denúncia ou reclamação sobre os equipamentos.
Quintanilha sugere ainda que as administrações instalem nos municípios acolhimentos provisórios, como ocorre na Capital, para atender o público que vive nos bairros mais afastados. “São estruturas temporárias, algo similar a tendas, para que as pessoas possam dormir no frio e retornar no outro dia. As ações são muito focadas nas regiões centrais e muitos indivíduos não acessam os serviços, pois estão em locais mais distantes. Então, não é que não tem demanda, é que precisa ampliar a rede de cobertura”, pontuou.
Antes de se tornar coordenador do movimento, Quintanilha viveu em situação de rua por 13 anos. Nos dias frios, ele relembra que batia na casa dos moradores de São Bernardo para pedir doação de cobertores e roupas de inverno. “Fazíamos fogueira e ficávamos todos juntos tentando escapar e sobreviver nessas condições. Não podemos esquecer que o frio mata e essa população fica na condição mais vulnerável possível”, disse.
Além do acolhimento noturno, as administrações promovem operações de inverno nas quais equipes da assistência social ofertam cobertores, blusas e vestuários para a população em situação de rua. Inclusive, os fundos sociais promovem campanhas de arrecadação desses itens para doação. Os Centros Pop (Centros de Referência Especializado para População em Situação de Rua), que funcionam em horário comercial, contam com banheiros, chuveiros, lavanderia e oferecem refeições.
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