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Lâmpadas de secagem de esmalte podem alterar moléculas da pele, diz estudo

Segundo os pesquisadores, a exposição à radiação emitida por esses aparelhos pode causar alterações químicas em moléculas da pele, afetando até enzimas essenciais para a proteção contra os raios solares

Natasha Werneck
30/05/2025 | 12:50
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FOTO: Freepik

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Um estudo recente conduzido por cientistas do Conicet (Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas da Argentina) trouxe à tona preocupações sobre os efeitos das lâmpadas usadas para secagem de esmaltes semipermanentes. Segundo os pesquisadores, a exposição à radiação emitida por esses aparelhos pode causar alterações químicas em moléculas da pele, afetando até enzimas essenciais para a proteção contra os raios solares.

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A pesquisa, publicada na revista Chemical Research in Toxicology, analisou os impactos da radiação ultravioleta (UV) gerada por lâmpadas de LED usadas em manicures. Os testes demonstraram que compostos naturais da pele, como a tirosinase — enzima envolvida na produção da melanina — sofrem alterações em suas funções após poucos minutos de exposição à luz do equipamento.

A investigação teve início há cerca de quatro anos, quando a cientista María Laura Dántola, do Instituto de Pesquisas Físico-Químicas Teóricas e Aplicadas (INIFTA, CONICET-UNLP), observou o uso recorrente de esmaltes semipermanentes entre estudantes universitárias. A prática, comum e acessível, envolve a aplicação de esmalte com cura rápida via luz LED, permitindo resultados duradouros mesmo em aplicações caseiras.

Embora os modelos mais antigos de lâmpadas utilizassem radiação UVA mais intensa, os aparelhos atuais, que operam com LED em faixa visível, também foram apontados como potencialmente prejudiciais. “Constatamos que mesmo as lâmpadas mais modernas provocam transformações químicas nas moléculas da pele. Essas alterações ainda são pouco estudadas e raramente descritas nos manuais de uso”, explicou Mariana Serrano, coautora da pesquisa.

A preocupação cresce diante do uso frequente e sem orientação desses aparelhos. Muitos consumidores os utilizam semanalmente, em alta potência, sem qualquer tipo de informação sobre riscos ou necessidade de proteção. De acordo com o estudo, uma única exposição de quatro minutos já foi suficiente para provocar modificações que comprometem o funcionamento biológico dos compostos analisados.

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Os danos associados envolvem reações como fotoalergia, irritações, hipersensibilidade e, em longo prazo, até câncer de pele. Isso porque os processos de fotossensibilização induzidos pela radiação podem danificar proteínas e lipídios, além de comprometer mecanismos naturais de defesa da pele, como a produção de melanina.

“Quando enzimas como a tirosinase deixam de funcionar adequadamente, o corpo perde uma de suas principais barreiras contra os efeitos nocivos do sol”, destacou o pesquisador Gustavo Vignoni, também autor do estudo. Os resultados obtidos foram comparáveis aos impactos da radiação solar ao meio-dia em um dia de primavera na cidade de La Plata, sede da pesquisa.

Diante dos achados, os especialistas defendem medidas preventivas. Entre elas, o uso de protetor solar nas mãos ou luvas específicas durante o uso das lâmpadas, além de alertas nos produtos sobre os possíveis efeitos adversos. “O ideal é que as pessoas estejam bem informadas sobre os riscos e possam decidir com consciência sobre o uso desses dispositivos”, concluíram os pesquisadores.




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