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Reeleito com a maior votação nominal do Grande ABC e a mais expressiva da história de Santo André, o vereador Leandro dos Reis Macedo, o Bahia do Lava Rápido (PSDB), credita os 10.288 votos que recebeu no último dia 6 ao comprometimento com os moradores que demonstrou desde o início do mandato. “(Estive) Todos os dias nas ruas ouvindo a população, indo nas casas das pessoas, olho no olho”, disse. Em entrevista ao Diário, o parlamentar revela que ainda limpa carros no lava rápido que mantém na Vila Suíça. “Vereador não é melhor que ninguém. Tem vereador que acha que é celebridade, mas celebridade mesmo é o povo, que acorda de madrugada para trabalhar”, disse o tucano, ressaltando a origem humilde.
RAIO X
Nome: Leandro dos Reis Macedo, o Bahia do Lava Rápido
Estado civil: casado
Idade: 41 anos
Local de nascimento: Tucano, na Bahia
Local de residência: Santo André
Formação: ensino médio completo
Profissão: empresário
Onde trabalha: na Câmara de Santo André
Hobby: Jogar futebol
Local predileto: Bahia
Livro que recomenda: Bíblia Sagrada
Personalidade que marcou sua vida: meu pai, José Rocha
O Sr. foi reeleito com a maior votação para vereador de Santo André – maior, inclusive, que a de Aidan Ravin (1961-2021) em 2004. Qual é o tamanho dessa votação?
O tamanho é proporcional ao trabalho que desenvolvi ao longo de 45 meses de mandato e ao meu comprometimento com a população. (Estive) Todos os dias nas ruas ouvindo a população, indo nas casas das pessoas, olho no olho, as pessoas frequentando minha casa, chamando pelo nome. Felizmente, as urnas devolveram tudo o que fiz pela cidade.
Uma votação como essa não se constrói em 45 dias. Certamente é resultado do trabalho de um mandato feito dia após dia, de bons serviços prestados ao munícipe...
Sim, porque muitos eleitores têm a percepção de que, depois que o vereador ganha a eleição, desaparece e só volta após quatro anos. Por isso, o primeiro compromisso que assumi quando fui eleito foi o de ter uma atuação efetiva em toda a cidade, desde o primeiro dia de meu mandato. Na Câmara, nunca faltei a uma sessão, nunca apresentei atestado nem cheguei atrasado, não me licenciei do cargo. Temos cinco escritórios espalhados pela cidade, levamos nossos gabinetes móveis para 23 locais. Então, foi um mandato muito participativo. Além disso, passei meu telefone particular a todos que me pediram. Não é o número do assessor, é o meu número. Tenho enorme carinho pela minha assessoria, mas meu telefone particular quem atende sou eu, seja qual for a hora. Por isso, recebi votos na cidade inteira.
Desde as primeiras entrevistas, o Sr. tem reiterado a responsabilidade de ter sido eleito com os votos da população mais carente. O que a periferia representa para seu mandato?
É nas comunidades que estão aqueles que mais precisam e que ficam desassistidos quando o vereador não aparece. É diferente de fazer política no Centro, no bairro Jardim, na (Avenida) Portugal. Procurei estar ao lado das comunidades em todos os momentos. Sou reconhecido como um vereador popular, sei de minha origem. É por isso que montei meus escritórios nas regiões mais carentes – Vila Luzita, Vila Suíça, Lutécia – e montei os gabinetes móveis no foco das comunidades, para ouvir a população e trazer demandas. Na Vila Luzita, que é um local por onde passam mais de 40 mil pessoas por dia, deixamos um gabinete fixo, que funciona de domingo a domingo, desde o início do primeiro mandato, para ouvir a população.
Essa votação credencia o Sr. a buscar a presidência da Câmara. É de seu interesse disputar o comando da Casa na eleição do dia 1º de janeiro?
De minha parte tem o interesse, sim. Vamos sentar com o prefeito eleito Gilvan Junior (PSDB), com o prefeito Paulo Serra (PSDB) e conversar. Meu maior compromisso é continuar a fazer meu trabalho e ouvir a população, mas não posso descartar (a possibilidade). O presidente Carlos Ferreira (MDB) faz uma ótima gestão, é um grande amigo, mas estarei mentindo se disser que não tenho interesse. Porém, ainda não conversei com ninguém sobre o assunto, ainda está muito cedo para isso.
Imagino que também deve passar pela cabeça do Sr. a possibilidade de voos políticos mais altos, como uma candidatura a deputado estadual ou federal em 2026...
Passa quase 100%, provavelmente a deputado federal. Evidentemente, vou conversar com minha equipe, minha família e com as pessoas que apoiam o mandato (sobre o assunto). Somos reconhecidos nas sete cidades, e felizmente as pessoas têm carinho pelo meu trabalho, minha simplicidade. Sou um vereador que faço até ca-pinação quando necessário. Cheguei em Santo André em 2004 vindo da Bahia e me lembro de ver as senhoras retirando mato das calçadas, andando de chinelos, e me vi no desafio de fazer o mesmo. “Ah, mas isso não é função do vereador”, alguém poderia dizer, porque calçada é responsabilidade do morador. É verdade, mas está no meu DNA, na minha origem. Recebo mensagens de todo o Grande ABC. A prova está aí: uma votação histórica, resultado de uma campanha feita com poucos recursos e muitos voluntários.
Se for convidado a integrar o secretariado do prefeito eleito Gilvan Junior, o Sr. aceitará?
Meu compromisso é cumprir meu mandato na Câmara, mas não posso descartar (eventual convite). Estou aqui pelo bem da população e à disposição da cidade. Procuro atuar em todas as áreas.
No início do processo eleitoral, o Sr. afirmou que o nome que o prefeito Paulo Serra escolhesse como candidato governista venceria facilmente o pleito, o que ocorreu. O que o fez ter tanta certeza?
Como vereador que anda muito pela cidade, pude acompanhar de perto o trabalho feito pelo prefeito Paulo Serra, era mais do que esperado que conseguisse fazer seu sucessor. Comecei com o prefeito em 2015, no Santo André da Gente (escuta pública que subsidiou a formulação do plano de governo), às vezes pedia votos para ele, mas não pedia para mim, tanto que não fui eleito em 2016. Paulo Serra trabalhou muito pela cidade, fez a diferença na vida das pessoas. Eventualmente, ocorrem alguns problemas com os secretários, porque cobro muito, levo muitas demandas e sei que incomodo um pouco, mas a relação é muito boa.
Que bandeiras o Sr. pretende defender neste novo mandato?
Minhas prioridades são as áreas da Saúde e Segurança pública. Durante o primeiro mandato, fiz 600 blitze – de madrugada ou durante o dia, com sol ou chuva – para fiscalizar o funcionamento de equipamentos de Saúde da cidade, das UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), do CHM (Centro Hospitalar Municipal), para saber se há médicos suficientes, se os munícipes estão sendo bem atendidos. Esse é o papel do vereador: ser o fiscal do povo. Outra iniciativa da qual me orgulho é o projeto Saúde Bucal, de minha autoria, que foi adotado pela Secretaria de Saúde e garante assistência odontológica a pacientes em regime de internação e que estão em UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Inicialmente, o prefeito vetou a proposta, entrou com Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade), mas o projeto acabou implementado. Também solicitei ao Paulo Serra e vamos dialogar com o prefeito eleito sobre a criação de outro hospital veterinário, no 2º Subdistrito – o primeiro está localizado no Sabina. Além disso, intermediei, junto ao mandato da deputada federal Maria Rosas (Republicanos-SP), emenda de R$ 1 milhão para o Hospital do Idoso, na Vila Luzita. Outro projeto que apresentei, e espero que seja votado nos próximos dias, é o que solicita a construção, na cidade, de um centro de referência para pessoas com deficiência e TEA (Transtorno do Espectro Autista). A expectativa é votar o quanto antes. A gente vê que o prefeito fez muito pela cidade, mas à medida que o tempo passa novas demandas surgem e eu, como vereador, faço minha parte, que é levá-las ao Executivo.
O que o Sr. pretende manter e o que vai mudar em sua atuação no segundo mandato?
Vou continuar ao lado da população todos os dias, mostrando às pessoas como se faz política correta e justa, e não só durante a eleição, como fazem os vereadores ‘Copa do Mundo’, que só aparecem de quatro em quatro anos. Não sou vereador de gabinete, nem de bairro, mas sim por Santo André.
O Sr. nasceu em Tucano, na Bahia. O que o trouxe para Santo André?
Vim para São Paulo em 2004, inicialmente para Praia Grande (cidade da Baixada Santista), como vendedor ambulante. Vendia chinelos de couro artesanais, na praia. No fim do verão, minha irmã, que morava em Santo André, me convidou a vir para cá. Trabalhei como empacotador no supermercado Nagumo, o que despertou em mim o espírito empreendedor. Tornei-me fornecedor de chinelos artesanais – que eu trazia da Bahia – para o comércio da cidade. Depois, montei lava rápido, borracharia, bar, mercado. Tenho o lava rápido até hoje, na Vila Suíça.
O Sr. ainda lava carros?
Claro. Vereador não é melhor do que ninguém. Minha identificação com a população é grande por causa disso: tem vereador que começa a achar que é celebridade, mas celebridade mesmo é o morador que acorda de madrugada para trabalhar. Essa é a diferença (entre mim e os demais). Basta ver a evolução de minha votação. Dos 2.091 votos que recebi em 2016, minha votação subiu para 4.972 em 2020, quando fui o terceiro mais votado do PSDB, e para 10.288 em outubro. Provavelmente, sou o político que mais cresceu em votação na região. Por isso, tenho certeza de que meu mandato mais acertou do que errou.
Ocupar um cargo público era um sonho?
Sim. Meu pai, José Rocha, sempre mexeu com política na Bahia, candidatou-se a vereador em Tucano, mas não conseguiu se eleger. Por isso, decidi que também tentaria, em qualquer cidade que estivesse. Quando vim para Santo André, trabalhando no lava rápido, ouvia as pessoas reclamarem dos vereadores, dizendo que, depois de eleitos, sumiam da comunidade. Essa injustiça de o sujeito pedir o voto, mentir para a pessoa e, depois, sumir, me indignou. Outros me perguntavam: “por que você não sai a vereador?” Sabia que não seria fácil, porque Santo André é uma cidade de 800 mil habitantes, uma das maiores do Estado, mas deu certo.
Seu pai, imagino, deve estar muito orgulhoso...
Recentemente, meu pai postou um vídeo emocionado, porque fui reeleito em Santo André e meu irmão, Alex, foi eleito vereador em Tucano neste ano. Felizmente, realizamos o sonho que ele tinha, mas não conseguiu realizar.
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