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A favela do Jardim Areião, uma das mais populosas de São Bernardo, vai virar bairro ecológico. O processo será desencadeado no próximo mês, quando a prefeitura conclui o levantamento topográfico da área de 234,4 mil m². O documento, que fará o mapeamento da ocupação, com a identificação dos lotes e ruas abertas irregularmente, será utilizado no procedimento que será aberto na Justiça para conseguir o usucapião do terreno, que tem seus limites delineados pela via Anchieta e pela Represa Billings.
O conceito de bairro ecológico é empregado em outros bairros de São Bernardo, que se expandiram dentro dos limites da área de proteção aos mananciais. O diferencial desses espaços está na relação dos moradores com o meio ambiente. Nas calçadas são reservadas áreas verdes para aumentar a permeabilidade do solo. O mesmo ocorre com o asfalto, mais poroso que o tradicional. Durante o processo de urbanização do Areião, áreas degradadas deverão ser recuperadas e o esgoto, hoje lançado in natura na represa, terá de ser coletado e tratado.
A urbanização da favela é considerada importante porque a ocupação está próxima da cabeceira da estação de coleta de água da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). Desse ponto, sai a água que abastece a torneira de 1,6 milhão de moradores do Grande ABC. “É uma área que não pode ser contaminada, por esse motivo foi priorizada pela administração”, explica o secretário de Habitação e Meio Ambiente de São Bernardo, Ademir Silvestre.
A regularização da Vila Areião é acompanhada pela promotoria de Meio Ambiente de São Bernardo. A minuta de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) para o local foi redigida, mas só deverá ser assinada pelos envolvidos no processo depois que os moradores consigam vencer na Justiça a ação pelo usucapião da área. “Lutamos por isso desde 2003. Não é fácil, mas, a passo de formiguinha, as coisas vão andando”, afirmou José Furtado, presidente da Sociedade Amigos da Vila Areião.
Quem está entusiasmada com a possibilidade de ter a posse do pedaço de chão onde mora é a aposentada Maria do Carmo Alves Carvalho, 54 anos. Ela chegou no Areião em 1975, vinda de Salinas, cidade do interior de Minas Gerais. Ao lado da casa que construiu, de pau-a-pique, só havia outras quatro ou cinco ocupações. “Foi um tempo difícil. A luz era de lampião e água só se fosse buscar na biquinha”, lembra. Hoje, a favela conta com eletricidade. A biquinha, perto da represa, também está poluída, diz dona Maria.
Bairros ecológicos- O bairro ecológico é um conceito de urbanização sustentada aplicado em áreas de proteção de manancial que já estão ocupadas e sem infra-estrutura adequada
- Em São Bernardo, a ocupação dos mananciais é problema crônico, já que 70% da cidade está em área de preservação e a falta de fiscalização não impediu o surgimento dos núcleos habitacionais, como o do Areião, onde vivem 1,6 mil famílias.
- Para reverter – e conter – os danos ao meio ambiente causados pelo adensamento desordenado, Prefeitura, Ministério Público e moradores estabelecem um acordo para implementar melhorias no bairro
- As ruas são de asfalto ecológico, de superfície porosa, que permite a absorção da água da chuva, armazenada num poço de drenagem; as guias e sarjetas também são especiais e terminam de vez com as vias enlameadas da periferia
- É de responsabilidade dos moradores manter 45% das calçadas cobertas por grama, o que facilita o escoamento das águas pluviais para o reservatório de abastecimento da Billings
- O primeiro bairro de São Bernardo a ser transformado em ecológico foi o Las Palmas, em 2000. A Prefeitura pretende fazer o mesmo em 58 áreas da cidade.Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.