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Grupo dos EUA compra fabricante de colheitadeira do RS
Do Diário do Grande ABC
29/06/1999 | 16:19
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A Schneider Logemann SA (SLC), maior fabricante de colheitadeiras do Brasil, com sede em Horizontina (RS), e a Deere & Company anunciaram nesta terça-feira a transferência do controle da companhia gaúcha ao grupo norte-americano. A operaçao, cujo valor nao foi revelado, foi negociada durante um ano e meio e vai aumentar o grau de internacionalizaçao da empresa, que em 1998 obteve 36% do seu faturamento de US$ 317 milhoes com exportaçoes para o Mercosul e a Europa.

A Deere, maior fabricante mundial de máquinas agrícolas, com faturamento de US$ 11,9 bilhoes no ano fiscal encerrado em outubro de 1998, era sócia da SLC desde 1979, quando adquiriu uma participaçao de 20%. Em 1995 a fatia aumentou para 40%, quando a empresa passou a se chamar SLC-John Deere, e o negócio anunciado nesta terça-feira prevê que até o final deste ano o porcentual alcance 100%.

A venda envolveu ainda as subsidiárias Fundiçao das Missoes (Fundimisa), localizada em Santo Angelo, o Banco Agroinvest, que financia os clientes da indústria, e a SLC Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários. Somadas, as quatro empresas tiveram uma receita bruta de US$ 450 milhoes no ano passado. As operaçoes serao apreciadas pelo Banco Central e pelo Conselho Administrativo de Direito Econômico (Cade).

Segundo o diretor-presidente da SLC-John Deere, Eduardo Logemann, a transferência do controle foi motivada pela "globalizaçao" dos mercados, que exige maior liberdade de açao para a Deere e provoca a concentraçao da produçao nas maos de poucos fabricantes mundiais. Ele afirmou que a empresa estava capitalizada, mas admitiu que este foi um processo em que "o maior engoliu o menor".

Logemann, que permanecerá no cargo ao lado de toda a diretoria atual, disse que a marca SLC-John Deere será mantida a princípio, mas reconheceu que com o tempo é "razoável" que ela desapareça. Os 1,6 mil funcionários da fábrica também serao preservados.

O vice-presidente da Divisao Agrícola da Deere & Company David Everitt, informou que o grupo norte-americano pretende colocar a unidade de Horizontina em "bases globais" para exportar a outros mercados, como Mercosul, Europa e Austrália. Ele nao revelou valores, mas disse que nos próximos anos serao feitos novos investimentos em ampliaçao das linhas de colheitadeiras, tratores e plantadeiras.

Demanda - Everitt afirmou ainda que a demanda por máquinas agrícolas está em expansao no Brasil e explicou que, entre todos os mercados, o foco principal de atuaçao da companhia será o Mercosul. O executivo admitiu que a Deere permanece atenta a novas oportunidades de aquisiçoes de outras empresas no país para aumentar sua participaçao no país.

"Esperamos crescer substancialmente nos próximos anos" declarou. O grupo tem fábricas em 11 países, incluindo, na América Latina, a produçao de motores na Argentina e de tratores no México. Suas exportaçoes atingem 160 países.

Em setembro o grupo vai inaugurar também em Catalao (GO) uma fábrica da Cameco do Brasil - subsidiária de uma companhia adquirida nos Estados Unidos -, especializada na produçao de colheitadeiras para cana-de-açúcar e, dentro de um a dois anos, para algodao.

A unidade está produzindo em fase experimental desde março e exigiu investimentos de US$ 40 milhoes. Serao 100 máquinas por ano na primeira fase destinadas ao mercado nacional e ao Mercosul.

A SLC-John Deere responde por 41% das vendas nacionais de colheitadeiras e responde por 60% das exportaçoes brasileiras no segmento. A empresa produz tratores desde 1996 e já detém uma participaçao de 11% no mercado interno neste setor.

Nos próximos anos ela pretende superar a líder AGCO, que atualmente tem uma fatia ao redor de 30%. Todo o mercado brasileiro de máquinas agrícolas é avaliado em US$ 1,5 bilhao por ano, explicou o diretor comercial Martin Mundstock.

Segundo Mundstock, a empresa deve fabricar duas mil colheitadeiras e um pouco menos de 4 mil tratores este ano. Segundo ele, o Brasil necessitaria de 4 mil colheitadeiras e 40 mil tratores para promover a atualizaçao de sua frota, mas a produçao nacional deverá ficar 50% abaixo desses volumes. Mesmo assim, isso representaria um crescimento de 10 a 15% sobre 1998.

Eduardo Logemann informou ainda que parte dos recursos originários da venda da fábrica será empregada na Agropecuária Schneider Logemann, que permanece nas maos dos antigos controladores. A empresa produz 180 mil toneladas de graos (soja e milho) e 980 mil arrobas de algodao no Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Maranhao e pretende investir agora em indústrias de beneficiamento de sua produçao.




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