O Grande ABC recicla cerca de 820 toneladas de lixo por mês. O número parece expressivo, mas é pouco se for levada em consideração a quantidade reciclada em comparação ao total de lixo produzido na região.

Juntas, as sete cidades do Grande ABC têm um percentual de apenas 1,57% de material reciclado em relação ao total de lixo reciclado. Média é dez vezes menor do que o considerado satisfatório, que é de 15%.

Para especialistas e administradores do serviço público, uma das razões para os baixos números ainda é a falta de conscientização da população para ter a coleta seletiva como parte da rotina.

Aprender a diferenciar os tipos de lixo (plástico, papel, vidro e metal) para que haja reciclagem e diminuição dos detritos orgânicos em aterros é um dos maiores desafios a serem enfrentados pelas administrações.

Com isso pode-se garantir mais tempo de vida útil para os aterros sanitários e, conseqüentemente, proporcionar melhor desenvolvimento socioeconômico para quem tira seu sustento do lixo.

A professora do Departamento de Saúde Ambiental da USP (Universidade de São Paulo) Wanda Risso Günther disse que o Grande ABC deveria atingir cerca de 105 gramas de lixo reciclável por dia por habitante, mas esse número só chega a 10,9 gramas.

Uma das causas para a baixa meta é a falta de políticas públicas que induzam a população a reciclar mais. "Estes programas poderiam ser aperfeiçoados com o intuito de fortalecer todos os tipos de coleta: domiciliar, em pontos de entrega voluntária e por cooperativa de catadores", disse Wanda.

Atingir a totalidade ou quase todo o atendimento no município com o serviço de coleta seletiva não é sinônimo de reciclagem total. O índice
de lixo que vira rejeito e não pode ser reaproveitado chega até a 15% em algumas das cidades do Grande ABC.

"Em Santo André, apesar da coleta ser grande, o rejeito é alto. As

administrações devem se preocupar cada vez mais em ter a maneira certa de levar as informações de esclarecimentos sobre a coleta seletiva para a população. Como ela funciona, a separação de metais, papel e plástico.

Enfim, para que o público realmente compreenda o que está sendo feito e colabore na hora de separar o seu lixo", disse a professora.