Paulistânia é a novidade do Stagium, apesar do roteiro escrito em 1989 pelo diretor de teatro Ademar Guerra. Quem desenvolveu o tema foi o próprio autor em parceria com Otero (fundador do grupo, em 1970, ao lado de Marika Gidali, e também seu principal coreógrafo). É uma homenagem a São Paulo, mas também uma reverência a Guerra. Assim, o balé lança um olhar crítico, e por vezes bem-humorado, sobre alguns comportamentos característicos dos habitantes desta cidade multipluralista.
Para refletir essa diversidade, Otero e Guerra buscam referências no bairro do Bixiga, no centro, no Morumbi, na rua Augusta e no Carnaval paulistano. Desse contexto, surgem personagens fortes, até mesmo exagerados, como vítimas de uma sociedade selvagem. Os autores, no entanto, não esquecem de encontrar beleza e lirismo em meio à chamada selva de pedra.
Otero e Guerra propõem ainda uma dramatização do gestual cotidiano, que resgata ícones da MPB como Isaurinha Garcia, Adoniran Barbosa, Ângela Maria e Elis Regina. Ele recria também personagens como o travesti Shalimar, o jovem Thânatos e um casal de italianos do Bixiga, cada qual com seus dramas e conflitos. Além da coreografia, o bailarino assina a trilha sonora e os elementos cênicos. Já Marika Gidali responde pela direção teatral e pelos figurinos.
A estréia de Paulistânia pode ser vista como elitista, mas acontece logo após a apresentação de Construção da Cidade Educadora para cerca de 15 mil pessoas no Sambódromo, durante o Fórum Mundial de Educação realizado no mês passado. Este trabalho propôs um combate à exclusão social e mostrou que o Stagium se mantém comprometido com sua proposta inicial: formar cidadãos conscientes e atuantes.
Ballet Stagium – Estréia da temporada da coreografia Paulistânia, de Ademar Guerra e Décio Otero. No Theatro São Pedro – r. Barra Funda, 171, São Paulo. Tel.: 3667-0499. Desta quinta a sábado, às 21h; domingo, às 18h. Ingr.: R$ 10 (meia entrada) e R$ 20.
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