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Me engana que eu gosto

Como disse a presidente Dilma Rousseff (quando é que seu ministro Celso Amorim irá chamá-la de "Nossa Guia", como fazia com o presidente Lula?)

Carlos Brickmann
10/08/2011 | 00:00
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Como disse a presidente Dilma Rousseff (quando é que seu ministro Celso Amorim irá chamá-la de "Nossa Guia", como fazia com o presidente Lula?), o Brasil está mais bem preparado para esta crise do que para a de 2008. Claro: a inflação superou não apenas a meta, mas também a margem de tolerância, o Brasil gasta US$ 60 bilhões por ano além do que recebe em suas relações com o Exterior, parte das indústrias sobreviventes está mudando de país, partidos aliados se rebelam contra o governo - também, que mania é essa de prender ladrão?

Não, o Brasil não está tão bem preparado assim (aliás, ninguém está - talvez apenas os Estados Unidos, que têm aquela fabulosa maquininha de imprimir dólares). Se os países desenvolvidos reduzem seu consumo, quem lhes deixa de vender alimentos é o Brasil. Pior: deixam de comprar produtos industrializados da China - e a China reduz suas compras de matérias-primas brasileiras. Pior ainda: se a China reduzir sua produção, seu mercado interno se encolhe, e de novo os alimentos brasileiros sofrem o impacto. E tudo isso significa menos empregos.

Quer dizer que os chineses vão comer menos? Provavelmente não; mas vão pagar menos por eles, como também procurarão forçar a baixa no preço das matérias-primas que nos importam, já que a procura por seus manufaturados tende a cair. Esse tipo de ação afeta grandes empresas brasileiras, como Vale, como frigoríficos, como produtores e exportadores de soja. É por isso que a Bolsa brasileira caiu mais que as outras: porque nossas grandes empresas são mais afetadas.

O MERCADO SOMOS NÓS

Na esteira da crise, são publicadas muitas bobagens a respeito de como o ganancioso mercado se tornou mais forte do que governos democraticamente eleitos. O problema é que os mercados são tão democráticos quanto os governos mais democráticos: um grande número de pessoas (investidores individuais, investidores em fundos e fundos de pensão, especuladores) decide onde vai aplicar seu dinheiro, de acordo com sua vontade, de acordo com suas expectativas. Tem as mesmas falhas de um governo democrático: pode ser manipulado, pode ser fraudado. Há quem ganhe com a alta, há quem ganhe com a baixa, e um bom volume de recursos, bem aplicado, pode gerar efeitos lucrativos. Informações bem plantadas, também - verdadeiras, meio falsas, falsas, tudo isso pode funcionar.

O mercado somos nós. Nas Bolsas, via fundos de aposentadoria; no dia a dia, por compras e vendas. Exemplo: quando os consumidores pararam de usar chapéus, prósperas indústrias, muito mais ricas do que nós, tiveram de fechar.

O QUE SERÁ DO AMANHÃ

Que é que vai acontecer daqui para a frente com o dinheiro nosso de cada dia? Como diz o ex-ministro Delfim Netto, no Brasil qualquer prognóstico para mais de uma semana não é previsão, é chute. Ou, como numa frase notável atribuída a muitos autores, "no Brasil até o passado é imprevisível".

TEMPOS INTERESSANTES

O que vai acontecer na economia é imprevisível. O que vai acontecer na política é altamente previsível, depois que a polícia varejou o Ministério do Turismo, controlado pelo PMDB de Sarney (o ministro é o deputado Pedro Novais, aquele da festa no motel), e se descobriu que um lobista com entrada franca na Agricultura, outro ministério do PMDB, já tinha cumprido pena por tráfico de cocaína. Brigar com o PR é uma coisa; com o PMDB é outra. Sarney abandonou o aliado Novais, jurou que o aliado maranhense nem tinha sido indicado por ele, mas Wagner Rossi, o ministro da Agricultura, é Michel Temer desde criancinha.

LEMBRANÇA 1

Quando Lula, recém-eleito, ainda não tinha escolhido Fernando Henrique para ser seu inimigo preferido, perguntou-lhe o que achava de Celso Lafer e de Celso Amorim para o Itamaraty. Fernando Henrique lhe disse que Lafer faria o que fosse necessário, e Amorim o que ele, Lula, quisesse. Amorim foi nomeado.

LEMBRANÇA 2

Essa história do esquerdismo de Celso Amorim precisa ser mais bem analisada. Ele ocupou um alto cargo, de confiança, no governo militar do presidente João Figueiredo: foi presidente da Embrafilme, empresa sempre observada por generais, coronéis e mulheres de generais e coronéis. Até que se saiu bem.




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