O presidente da Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados), Milton Cardoso, espera para as próximas semanas a adoção de medidas por parte do governo para conter os indícios de avanço das vendas de calçados chineses por meio de outros países asiáticos para o Brasil. "Estamos confiantes na adoção de medidas contra as triangulações, não só no caso do calçados, como de outros produtos", afirmou.

Segundo Cardoso, o pleito foi encaminhado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Receita Federal e Ministério da Fazenda. Os países para os quais é pedida a extensão da tarifa antidumping, idêntica à aplicada contra a China, no valor de US$ 13,85 para cada par de sapato, são Malásia, Cingapura, Vietnã e Indonésia.

"É uma medida simples. Pedimos ao governo a regulamentação de uma lei aprovada pelo Congresso, com base nas regras da Organização Mundial do Comércio", afirmou. Ele ressaltou que medidas idênticas são aplicadas nos Estados Unidos, União Européia e Argentina.

Os dados de importações de calçados atestam esses indícios. Após a aplicação da tarifa antidumping aos calçados importados da China, a partir de setembro de 2009, países com pouca representatividade na produção mundial do produto tiveram fortes avanços nas vendas para o Brasil. O caso da Malásia é o mais evidente. Entre os seis primeiros meses de 2009 e o mesmo período deste ano, as importações passaram de 12 mil pares para 2,567 milhões de pares.

Apesar disso, há perspectiva favorável no setor. No mercado interno, a expectativa é de um crescimento neste ano entre 20% e 25% nos investimentos, para um patamar próximo a R$ 500 milhões. "As medidas de defesa comercial contra os calçados chineses trouxeram novamente o otimismo para o setor", afirmou.