Quatro décadas depois de terem sido expulsos de uma escola secundária no Mississippi por se manifestarem contra a segregação racial, 10 ex-alunos negros receberam seus diplomas escolares que, no entanto, em termos práticos, não lhes servirá para curar as feridas depois de anos de humilhação.

O grupo faz parte dos 83 expulsos do colégio Burglund em 1961, na cidade de McComb (limite com a Louisiana), num incidente relacionado ao racismo nos Estados Unidos.

Os 83 estudantes haviam protestado contra as expulsões de dois colegas - Brenda Travis e Ike Lewis - que se sentaram no setor reservado aos brancos num ônibus.

Os diplomas foram entregues no final de semana passado numa cerimônia por iniciativa do distrito escolar de McComb.

O ato de Travis e Lewis foi um dos primeiros no Mississippi, quando ações similares desafiando as leis da segregação se multiplicaram no país.

Cinco anos antes os protestos começaram em seguida à detenção de Rosa Parks por negar-se a ceder seu lugar a um branco em Montgomery (Alabama, sul), ao que se seguiu a um boicote aos ônibus das empresas que agiam dessa forma.

Travis ficou presa durante um ano numa instituição juvenil.

No Mississippi, um menino negro Emmett Till havia sido assassinado em 1955 por assoviar para uma mulher branca.

Um dos alunos expulsos na época, James Meredith, quis forçar, em vão, sua entrada no colégio em 1962. Os tumultos que se seguiram deixaram dois mortos e 400 feridos.

Para Joe Martin, hoje com 53 anos, eles eram "apenas um grupo de estudantes bem informados".

Martin, agora motorista de ônibus das escolas de McComb, que também foi expulso, chegou a perder a oportunidade de um trabalho, tendo sido detido várias vezes por atos de desobediência civil.