Setecidades Titulo Flagrantes
Apreensões de celulares durante visita em CDPs sobem 337,5%

De janeiro a agosto foram contabilizadas
35 ocorrências nas quatro unidades da região

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
01/10/2017 | 07:00
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DGABC


Ousadia e criatividade são elementos usados por familiares de detentos dos quatro CDPs (Centros de Detenção Provisória) da região – Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá – na tentativa de levar para os presos itens proibidos. Mas nem sempre a empreitada dá certo e, durante vistoria obrigatória para as visitas, agentes localizam itens dos mais variados tipos, ainda que escondidos em partes do corpo. Os celulares são os campeões de apreensão: de janeiro a agosto foram contabilizadas 35 ocorrências, número 337,5% maior do que o observado no mesmo período do ano passado.

No segundo lugar entre os produtos proibidos apreendidos estão os entorpecentes, com 26 casos nos primeiros oito meses do ano, quantidade 271,4% superior à observada em 2016.

De acordo com a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária do Estado de São Paulo), na maioria dos casos, os itens estão ocultados no interior do corpo. “O celular é (encontrado em) uma revista relativamente fácil, a droga já é um pouco mais difícil (de achar), porque é mais fácil de esconder”, observa a professora de Políticas Públicas da UFABC (Universidade Federal do ABC) Alessandra Teixeira.

O telefone móvel possibilita que a atuação dos criminosos seja mantida, mesmo por detrás dos muros da prisão. “O preso usa (o celular) para tentar comandar, de alguma forma, as ações que, se estivesse solto, estaria fazendo para aplicar golpes. E tem a questão de contato com o advogado para acompanhamento de processo; antigamente, tinha que esperar a visita (do defensor)”, lembra o coordenador do curso de Gestão Pública da Metodista, Vinicius Schurgelies.

Para combater a problemática relacionada aos celulares, a instalação de bloqueadores de sinal seria ideal, porém, Schurgelies pontua que a ação esbarra nos vizinhos dos centros de detenção. “O problema principal é que (o bloqueador) inutiliza, inclusive, o sinal nas proximidades do complexo prisional. Isso gera série de discussões, tem pressão política. Os bloqueadores acabam sendo retirados para que não causem impacto.”

Segundo a SAP, as pessoas flagradas na tentativa de adentrar os centros de detenção com objetos ilícitos são automaticamente retiradas do rol de visitas e sofrem medidas penais cabíveis. Apesar disso, os visitantes se arriscam. “A transgressão, como mecanismo de sobrevivência, está introjetada nessas pessoas. Então não é assustador, por isso correm risco com tanta tranquilidade”, destaca a presidente da comissão de Política Criminal e Penitenciária da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo), Adriana de Melo Nunes Martorelli.

Adriana ressalta ainda que as mulheres são maioria entre as pessoas apreendidas. “Quem tem maior condição de manutenção de vínculo é a mulher, por própria natureza”, assinala.

Scanner corporal será instalado até o fim do ano em todo o Estado

No dia 28 de agosto, foi iniciada a instalação de body scanners, aparelhos de inspeção corporal para aprimorar o sistema de revistas nas unidades prisionais paulistas. Serão 165 equipamentos em todo o Estado, e em 26 locais eles já foram instalados. A SAP não informou se os CDPs da região já contam com o aparelho e disse que o prazo para conclusão de instalação é até o fim do ano.

“Isso acabará com a revista vexatória, principalmente para as mulheres”, aponta a professora de Políticas Públicas da UFABC (Universidade Federal do ABC) Alessandra Teixeira.

Além de celulares e drogas, outros itens também são flagrados durante as revistas nos CDPs da região, como facas; chips e componentes para celular (carregador, bateria, fone de ouvido); comprimidos de estimulante sexual; fios elétricos e estanho (material usado para solda).

Até agosto, os CDPs da região contabilizaram 16 flagrantes desse tipo, contra apenas cinco na mesma época de 2016 – alta de 220%. 




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