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Houve agentes do PT que se sujaram, admite Gilberto Carvalho

Ex-ministro de Lula e Dilma faz autocrítica, mas crê que sigla é sobrevivente ao avaliar cenário

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
17/10/2018 | 07:00
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Divulgação


Chefe de Gabinete do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ministro da Secretaria-Geral da Presidência de Dilma Rousseff (PT), o petista Gilberto Carvalho analisou, em autocrítica, que “houve agentes do PT que se sujaram”, no contexto de que o partido aceitou as regras do financiamento empresarial das campanhas eleitorais, o que fez com que “muitas vezes a corrupção entrasse dentro da gente também”.

“Como os recursos entravam com certa facilidade, (existiu) um descuido na questão do uso do dinheiro”, disse, em entrevista ao Diário. Alegou que, quando se faz mea-culpa, é com objetivo de mudança.

Uma das pessoas mais próximas de Lula e ex-secretário da Prefeitura de Santo André, Gilberto avaliou também que “outro erro bastante importante”, além de afastamento das bases, foi ter aceitado participar do jogo institucional, incluindo tratativas de alianças, de poder e da relação fisiológica com o Parlamento. “Os caras pressionavam pedindo cargos no governo, concedemos os cargos, eles foram lá e muitos deles roubaram e a culpa veio para cima de nós”, afirmou, ao ponderar, no entanto, que os equívocos cometidos “não justificam o tamanho do ódio”.

Neste momento na campanha do presidenciável do PT, Fernando Haddad, o ex-ministro reiterou que esses erros, já admitidos por lideranças da sigla, foram transformados de tal forma como se fossem os primeiros do Brasil. “Parece que nada tinha acontecido de errado até então, que o PT criou a corrupção”, pontuou, ao considerar que o partido “é sobrevivente” de guerra dura. “A máquina da antipolítica atingiu todo mundo. É só olhar o que está acontecendo com o PSDB, MDB, DEM. É vitória termos chegado ao segundo turno, mantermos a maior bancada. A onda Bolsonaro é espécie de desaguadouro de todo processo da antipolítica, combate à política, pela direita, porém mais que isso, por um novo tipo de fascismo ao tentar combater o PT.”

No primeiro turno, Gilberto coordenou a campanha de Marcia Tiburi (PT) ao governo do Rio de Janeiro, que ficou na sétima colocação, frisando a influência da onda Bolsonaro na disputa local, onde é domicílio eleitoral do capitão reformado. Para o petista, a maior preocupação é que o “bolsonarismo não é fenômeno apenas eleitoral, é cultural”. “Se pegar o surgimento do nazismo na Alemanha foi muito disso: combate à política e fé no surgimento de um líder salvador”. Ele admitiu também surpresa com as armas do rival. “Nos preparamos para batalha, por analogia, com canhões e armas tradicionais. Fomos surpreendidos pelo adversário, que usou míssil, guerra eletrônica, informações mentirosas nas redes.”

Gilberto sustentou que partiu do próprio Lula “espécie de desmame” para que fosse reduzido o número de visitas de Haddad na carceragem de Curitiba, onde o líder petista está preso desde abril. “O Lula percebeu que era importante aparecer ele, Haddad, e não um poste, uma figura, boneco colocado pelo Lula. Essa sensibilidade de que o Haddad deveria deixar de ir tanto lá e falar tanto de Lula partiu do próprio Lula.” 




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