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Interpol e Unesco querem recuperar artes roubadas do Iraque
Da AFP
05/05/2003 | 11:12
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Membros da Interpol e da alfândega e funcionários da Unesco e do Conselho Internacional de Museus se reuniram nesta segunda-feira em Lyon (leste da França) para coordenar durante dois dias ações destinadas a recuperar as obras-de-arte roubadas no Iraque durante a guerra.

A reunião internacional acontece a portas fechadas na sede da organização, que reúne as polícias de 181 países. A conferência de Lyon vai organizar uma "estrutura comum" com "meios e instâncias especializadas em recuperar os objetos desaparecidos", afirmou a Interpol.

A Unesco vai realizar, com a ajuda dos grandes museus do mundo, um inventário de cerca de 200 mil peças roubadas no Iraque, em particular durante o saque do Museu de Bagdá, para alimentar o banco de dados que será criado para ter acesso imediato ao inventário e à descrição detalhada dos objetos roubados durante a guerra.

O subdiretor-geral da Unesco para a Cultura, Munir Buchenaki, participa da reunião. O Secretário de Justiça americano, John Ashcroft, chegará nesta terça-feira a Lyon para participar de uma sessão aberta à imprensa, na qual se espera que afirme a vontade de seu país de impedir a dispersão desse patrimônio de valor incalculável, roubado nos dias seguintes à tomada de Bagdá, no dia 9 de abril, pelas tropas americanas, acusadas de passividade.

O presidente do comitê consultivo da presidência americana para Assuntos Culturais, Martin Sullivan, pediu demissão no dia 14 de abril, declarando que o saque do Museu de Bagdá foi "uma tragédia previsível e que poderia ter sido evitada". O saque de obras-de-arte no Iraque provocou escândalo no mundo e produziu uma vontade de mobilização para impedir a venda ilícita desse patrimônio da humanidade.

A Interpol foi contactada pelos Estados Unidos poucos dias depois dos saques, e seu secretário-geral, o americano Ronald K. Noble, rapidamente formou uma "equipe especial" encarregada de coordenar as ações a respeito.

Esta equipe já viajou para o Kuwait e outros países da região para se reunir com altos funcionários governamentais e recolher mais informação sobre os roubos. A organização pediu a todos os organismos e instituições que trabalham no ramo da conservação e do comércio de antigüidades que rejeitem qualquer oferta de bens culturais procedentes do Iraque.

O roubo e a exportação ilícita de objetos de arte iraquianos constitui uma violação da Convenção de Haia de 1954 sobre a proteção dos bens culturais em caso de conflito armado, e da Convenção da Unesco de 1970 sobre o comércio ilícito de bens culturais. Os principais museus do mundo exortaram no dia 29 de abril os Estados Unidos a controlarem as fronteiras do Iraque para impedir a exportação de obras-de-arte roubadas, e pediram à ONU que adote uma resolução que proíba a venda de antigüidades procedentes da região.

O Museu Arqueológico de Bagdá, principal alvo dos saques, possuía uma coleção de mais de 170 mil peças procedentes essencialmente da antiga Mesopotâmia, berço das civilizações da Suméria, da Babilônia e da Assíria, às quais a humanidade deve a escritura e as primeiras cidades.




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