Quem guarda por 40 anos recebe quatro vezes mais do
que os que poupam metade do tempo, dizem especialistas
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Os planos de previdência privada são bastante procurados por pessoas que querem complementar o benefício do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) - que muitas vezes não é suficiente para bancar as despesas de casa. No Grande ABC, por exemplo, metade dos aposentados continua no batente porque o benefício da Previdência não paga todos os gastos. A principal dica para evitar que a Previdência Social seja o único meio de sobrevivência é o planejamento antecipado. Quem começa poupar cedo certamente poderá acumular bom pé de meia para usufruir durante a velhice. Ao aportar R$ 100 todo mês, em um plano de previdência complementar, é possível acumular R$ 44 mil ao fim de 20 anos. Por outro lado, se o mesmo desembolso mensal for feito durante 40 anos, é possível juntar cerca de R$ 178,6 mil - montante quatro vezes maior (veja arte ao lado).
"O ideal é que os recursos só sejam usados no longo prazo, entre 20 e 30 anos", explica o professor de Economia da FIA (Fundação Instituto de Administração) Carlos Honorato.
Nunca é tarde para começar a guardar um dinheirinho. No entanto, quem demora para poupar tem de desembolsar mais recursos por mês. Quem tem 50 anos hoje precisa aportar R$ 615 em plano de previdência para alcançar os mesmos R$ 178,6 mil, aos 65 anos. Além disso, é preciso disciplina - não dá para usar a grana da previdência para outros fins. O ideal é buscar aplicações como a poupança - modalidade sem tributação e com facilidade de resgate - para programar sonhos de até dois anos, alerta o sócio da Praxis Business Maurício Galhardo, especialista em finanças pessoais.
COMO FUNCIONA - Os planos de previdências são divididos entre fechados (que são os fundos de pensão de empresas direcionados exclusivamente aos funcionários) e abertos, que podem ser consumidos por qualquer investidor por meio das seguradoras - com R$ 30 já dá para iniciar a aplicação. O cliente pode escolher um plano que aloque o seu dinheiro em renda fixa - que são os títulos das dívidas do governo, empresas e bancos - ou em renda variável, que são as ações em Bolsa. Quanto maior a disposição no mercado acionário, maior é o ganho. Pesquisa realizada pelas consultorias NetQuant e Towers Watson mostra que os fundos de previdência com até 49% em ações (que é o limite permitido por lei) tiveram rentabilidade líquida de 10,72%, em 2012, enquanto os produtos de renda fixa registraram 9,25% de ganho.
Hoje existem basicamente dois produtos de previdência: PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livres). O professor de Macroeconomia e Cenários Econômicos do MBA da Fipecapi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) Silvio Paixão explica que só deve escolher a primeira opção, as pessoas que têm renda tributável; que declaram seus rendimentos à Receita Federal por meio do formulário completo; que pagam o INSS e têm imposto a pagar ou a restituir. "É preciso atender todas essas possibilidades, caso contrário o VGBL é o mais indicado."
A vantagem do PGBL é que 12% das contribuições anuais podem ser usadas para diminuir o valor do salário que será usado na hora de calcular o imposto. Quem tem renda anual de R$ 50 mil, por exemplo, terá o IR calculado sobre R$ 44 mil. A principal distinção, entre as modalidades, é a forma de tributação. Na hora de resgatar a grana do VGBL, o investidor paga o IR apenas sobre os ganhos. Se a escolha for o PGBL, o imposto será calculado sobre o valor total (quantia investida mais rendimento).
Taxas elevadas encarecem previdência
Apesar de tradicional, os planos de previdência nem sempre são os mais rentáveis. O professor de Economia Samy Dana, da FGV (Fundação Getulio Vargas), de São Paulo, comparou três investimentos - títulos da dívida pública, poupança e previdência. No cálculo, os papéis do governo oferecem retorno superior em relação as outras modalidades (veja arte ao lado), já que o investidor arca com custos menores para manter seu dinheiro na aplicação. Taxa de custódia da BM&F Bovespa de 0,30% ao ano sobre o valor dos títulos, taxa de administração cobrada pelos agentes de custódia (que pode variar entre zero e 1% ao ano) e Imposto de Renda (que varia entre 22,5% e 15% dependendo do prazo de aplicação) são os valores pagos pelo investidor.
Para aplicar em planos de previdência é necessário arcar com taxa de carregamento, cobrada toda vez que é feito um aporte, e taxa de administração, que é paga anualmente sobre o valor investido. É preciso prestar atenção porque cada uma delas podem chegar a 5% - e quanto menor o valor disponível para aportar no plano maior o custo. Também é preciso pagar o IR, se o investidor não tem a intenção de mexer no dinheiro no curto prazo, ele deve optar pela tabela de alíquota regressiva - quanto mais tempo a aplicação for mantida, menor será o tributo (veja arte acima). Pesquisa das consultorias NetQuant e Towers Watson mostra que entre os fundos de previdência (com alocação dos recursos apenas em renda fixa e que cobram taxa de administração igual ou superior a 3%), o rendimento médio que é de 7,36% cai para 4,36% ao subtrair a taxa, sem considerar a mordida do leão.
O montante é bem menor do que a poupança, que oferece retorno anual de 5,78%. Por outro lado, os fundos que têm rendimento de 9,25% ao ano e cobram até 1,5% para administrar o dinheiro do cliente oferece ganho até maior do que os títulos da dívida pública. Ao aplicar R$ 100 durante 20 anos, o investidor receberá R$ 50,4 mil se fizer aportes na previdência e R$ 49,1 mil se comprar os títulos (considerando os tributos). Para investir em papéis da dívida pública dá mais trabalho. A operação nada mais é do que um empréstimo que o investidor concede ao Governo. Após certo prazo (definido de acordo com o título escolhido), a União devolve o dinheiro ao aplicador com os devidos reajustes. Mas o investidor precisa se cadastrar em uma corretora (há uma lista delas no site www.tesouro.fazenda.gov.br) e se dedicar ao escolher o título com vencimento próximo a data em que pretende usar o dinheiro, além do índice que será usado para corrigi-lo - que pode ser a inflação ou a taxa de juros.
Saque está relacionado ao valor poupado e expectativa de vida
A forma de sacar o dinheiro da previdência privada é definida geralmente na contratação do plano. Mas é possível alterar a opção a qualquer momento.
O investidor pode optar, por exemplo, pelo saque total do dinheiro para administrá-lo sozinho. Há ainda como receber a renda vitalícia. A seguradora calcula, de acordo com a tábua de mortalidade do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), por quanto tempo o cliente ainda deve usufruir do dinheiro e, com base no montante que ele depositou ao longo da vida, defini o valor mensal que o investidor irá receber.
Portanto, se a expectativa de vida do segurado for longa, a renda será menor se comparada a outro investidor, que tenha aplicado a mesma quantia, mas que estatisticamente tem menos tempo de vida. Há também a renda vitalícia estendida aos beneficiários. "Mas se a pessoa que vai usufruir do dinheiro for um neto de cinco anos, por exemplo, que certamente vai viver por muito tempo, a renda do titular do plano ficará menor para que o valor depositado por ele seja compatível com o que será desembolsado pela seguradora", explica o professor de Macroeconomia do MBA da Fipecapi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) Silvio Paixão.
Por outro lado, quem tem expectativa de vida menor pode optar pela renda por um determinado período. A opção também pode ser direcionada aos beneficiários. "Nesse caso, se o investidor decidiu receber o benefício por 20 anos, mas morreu antes, os beneficiários recebem até completar o prazo", acrescenta Paixão.
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