O governo turco decidiu, nesta quarta-feira nao enviar o processo de Ocalan, condenado à morte em junho do ano passado por traiçao e separatismo, para sua ratificaçao ao Parlamento, onde aparentemente a maioria dos legisladores é favorável a seu enforcamento.
Assim, atendeu parcialmente a uma solicitaçao da Corte Européia de Direitos Humanos, que no dia 30 de novembro do ano passado lhe pediu a suspensao da execuçao até seu pronunciamento sobre este caso, um processo que pode se prolongar por até dois anos.
Entretanto, o primeiro-ministro turco impôs como condiçao que os guerrilheiros do Partido dos Trabalhadores do Curdistao (PTC) de Ocalan nao aproveitem esse prazo para prejudicar ``os interesses superiores' da Turquia.
A recusa da suspensao dessa execuçao teria levado o PTC a açoes violentas de protesto, de modo que esta decisao certamente apaziguará os ânimos, nos momentos em que o PTC atendeu aos apelos de paz de seu chefe, suspendendo os combates e retirando-se da Turquia.
Esta condiçao está destinada fundamentalmente a convencer o principal sócio na coalizao governamental de Ecevit, o Partido de Açao Nacionalista (PAN, extrema-direita), de Devlet Bahceli, para o qual a aceitaçao da suspensao significa uma verdadeira traiçao.
O PAN chegou ao poder nas eleiçoes legislativas de abril do ano passado, fazendo uma campanha exaltada para que Ocalan fosse enforcado o mais rápido possível.
A oposiçao reagiu na ocasiao para denegrir o governo, o que provisoriamente salva a vida do inimigo público número um.
Mas, além das questoes internas e dos problemas que Ecevit terá de enfrentar agora para explicar sua atitude a seus votantes, e inclusive aos dirigentes de seu próprio partido, esta suspensao afastou a possibilidade de um rompimento com a Uniao Européia.
A comunidade assinalou claramente à Turquia que a execuçao de Ocalan comprometeria suas perspectivas de adesao, depois de ser declarada candidata, o que implica o respeito aos direitos humanos e a curto prazo a aboliçao da pena de morte.
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