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Quando o amor enlouquece

‘Vidas Partidas’, que estreia hoje nos cinemas,
mostra o drama da violência contra as mulheres

Miriam Gimenes
04/08/2016 | 07:00
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Divulgação


 No mês em que a Lei Maria da Penha (11.340, de 7 de agosto de 2006) completa uma década de vigência, o filme que era para contar a história da mulher que deu nome à legislação foi além. Vidas Partidas, que estreia hoje no cinema (com sessão no Espaço Itaú Frei Caneca) colocou na personagem principal, Graça (Naura Schneider), um pouco do sofrimento de cada uma que é vítima de violência doméstica diariamente. A direção é de Marcos Schechtman, estreante na sétima arte.

A ideia do longa partiu de Naura, que o produziu. Após fazer diversos trabalhos com a temática, inclusive o documentário O Silêncio das Inocentes (2010), em que reúne depoimentos de mulheres que foram vítimas de seus parceiros, pensou em produzir um longa que contasse a trajetória de Maria da Penha. Ela ficou paraplégica após agressões do marido. “Só que a história dela não atingiria todas as mulheres que sofrem este tipo de violência. Coloquei um pouco de cada uma que ouvi na Graça. Quando fui fazer o documentário, ia conversar com essas mulheres com raiva delas, me perguntando como aguentavam esse tipo de situação. Depois dos encontros vi que poderia ser eu no lugar, poderia ser qualquer uma”, explica a atriz.

Ela tem razão. O Brasil é o quinto país mais violento para mulheres em um ranking de 83 nações que usa dados da Organização Mundial de Saúde. Entre 2003 e 2013, foram assassinadas no País, em média, 11 mulheres por dia. Esse tipo de situação é muito comum e pode acontecer mais próximo do que se imagina. A personagem é um exemplo disso. Biomédica bem-sucedida, mãe de duas meninas, ela vive um casamento feliz – e de paixão tórrida – com Raul (Domingos Montagner). A história se passa em 1982. Extremamente ciumento e possessivo, ele mostra-se, com o tempo, um homem cruel, violento e que não sabe lidar com o sucesso da mulher, inclusive quando fica desempregado.

As cenas que denotam sua personalidade são tensas, fortes e reveladoras. “Este é um problema que atinge a todas as classes sociais. O filme ultrapassa as estatísticas e traz mais realidade para todo mundo”, analisa Marcos Schechtman. Trazendo a arte para a realidade, a exemplo está a ex-modelo, empresária e atriz Luiza Brunet, que denunciou o ex-namorado, o empresário bilionário Lírio Parisotto, de agressão.

Por amor, dependência financeira e outros motivos, muitas ‘Graças’ mantêm relacionamentos doentios com a ideia de que o parceiro ‘vai mudar’, as coisas vão melhorar e que se trata apenas de uma fase. Infelizmente, para muitas, essa ‘fase’ nunca cessa. “As pessoas precisam entender que falando sobre o tema é que alguma coisa vai acontecer, que vamos conseguir mudar a realidade de muitas mulheres, salvar vidas”, acredita Naura. Que assim seja.




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