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Uma crise de verdade

Preocupado com a disputa entre o pessoal do prende-e-arrebenta e os defensores dos direitos individuais?

Carlos Brickmann
17/07/2008 | 00:00
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Preocupado com a disputa entre o pessoal do prende-e-arrebenta e os defensores dos direitos individuais? Pois há mais coisas para preocupar-se, coisas que não vêm merecendo cuidado da opinião pública e recebem pequeno destaque na imprensa: por exemplo, a greve dos petroleiros. Hoje, com paralisações nas plataformas marítimas, a produção já caiu um pouco (segundo a Petrobras, 4% - pouco mais de 70 mil barris por dia, ou algo como US$ 10 milhões de prejuízo diário). A partir de agora, como a Petrobras já fez sua oferta e disse que não cederá mais, os petroleiros tentam ampliar a greve para as refinarias e terminais.

Se a produção se reduz, pode-se aumentar as importações. Se as refinarias produzem menos, pode-se importar os produtos já refinados do petróleo. Mas, se houver uma diminuição na atividade dos terminais, não haverá como importar o suficiente: será preciso recorrer aos estoques, enquanto houver estoques.

É cedo para assustar-se: está tudo no começo. Apesar de a Petrobras dizer que esta é a oferta final, ainda é possível negociar (e muita gente deste governo, temperada nas atividades sindicais, é boa de negociação). Mas está na hora de cobrar uma solução para o problema. Se não houver petróleo suficiente, haverá redução na atividade econômica; e desemprego. Num país em que o transporte se baseia no caminhão, haverá problemas sérios no trânsito de mercadorias.

A discussão institucional é importante, sem dúvida. Mas a falta de um produto essencial pode provocar uma crise em que ninguém será poupado.

A OPINIÃO E OS FATOS
Quem tem razão na disputa entre o juiz federal Fausto de Sanctis e o ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal? O ministro aposentado e ex-presidente do Supremo Maurício Correia não tem dúvida: Gilmar Mendes está certo. E, se De Sanctis não concorda com ele, há mecanismos de protesto, no próprio Poder Judiciário, que não pode ficar à mercê de abaixo-assinados. A estatística também dá razão a Gilmar Mendes. O juiz Fausto de Sanctis diz que não há eficiência no combate ao crime do colarinho branco, "muito menos elevado índice de condenações". A pesquisa do Núcleo de Estudos da Violência e da Pena da Faculdade de Direito da Fundação Getulio Vargas, de São Paulo, chega a resultados opostos: há 94% de condenações nos tribunais superiores.

FALA, BRECHT!
As homenagens ao juiz Fausto de Sanctis e ao delegado Protógenes Queiroz, personagens centrais das duas prisões do banqueiro Daniel Dantas, levaram sem dúvida a alguns excessos laudatórios. Pena que Galileu Galilei, uma grande peça do dramaturgo alemão Bertolt Brecht, esteja há tanto tempo fora de nossos palcos. Um dos melhores diálogos ocorre quando Galileu, para salvar a vida, assegura à Inquisição italiana que abandonou suas idéias sobre o Universo. Um discípulo, indignado, o critica: "Pobre do povo que não tem heróis!" E Galileu responde, com total precisão: "Pobre do povo que precisa de heróis".

VERÔNICA X VERÔNICA
Verônica Serra, filha do governador paulista José Serra, desmente a informação de que foi sócia de Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, na empresa Decidir.com. Diz Verônica que trabalhou num fundo que investiu na Decidir, e a indicou como representante no Conselho de Administração, embora não fosse acionista. O Opportunity também investiu na empresa e nomeou Verônica Dantas sua representante. "Entretanto", diz Verônica Serra, "não tive qualquer contato com ela. Verônica Dantas nunca participou de nenhuma reunião do Conselho da Decidir." Verônica Serra deixou o fundo em que trabalhava em 2001.

VALE A PENA PROTESTAR
O trem da alegria descarrilou: o Senado desistiu da contratação de mais 97 assessores, a R$ 10 mil cada um, que complementariam o já nutrido corpo de assessoria da Casa. A repercussão ruim do aumento de despesas liqüidou a idéia.

FIM DE UMA ERA
Sebastião Moura, o major Curió, que lutou contra a guerrilha comunista no Araguaia e comandou com mão-de-ferro o garimpo de Serra Pelada, foi cassado pelo TSE, por abuso de poder econômico. Curió era prefeito de Curionópolis.




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