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Nova vida

Santo André oferece cursos que mudam a realidade de quem havia perdido a esperança no futuro

Bia Moço
08/07/2018 | 07:19
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Claudinei Plaza/DGABC


A oportunidade de fazer curso profissionalizante gratuitamente é encarada como uma das poucas chances para mudar o rumo da vida de boa parte da população, como é o caso de Sandra de Souza, 42 anos. Moradora do Jardim Santo André, em Santo André, a cabeleireira foi uma das alunas do curso de Padaria Artesanal ofertado pelo Fundo Social de Solidariedade da cidade.

Atualmente, Sandrinha, como é chamada pelos amigos, encara o curso de corte e costura já com o olho no futuro: confeccionar pijamas de malha e vender a preços acessíveis.

As palavras que resumem essa mulher são força e batalha. Sandrinha é casada com Geraldo Jorge, 49, que foi afastado do trabalho por invalidez. Jorge nasceu com nanismo e, por complicação óssea, precisou de cadeira de rodas. A filha do casal, Vitória, 13, também é anã e, além disso, já realizou nove cirurgias para evitar desgaste dos membros inferiores.

“Com meu marido de cadeira de rodas e minha filha com esse problema nas pernas fui obrigada a deixar de trabalhar fora (como balconista de farmácia) e buscar alternativa para manter o sustento da casa”, relembra Sandrinha.

Ela, que já tinha curso de cabeleireira, abriu na garagem de casa – conjunto habitacional cedido pela Prefeitura – salão de beleza. A renda, de aproximadamente R$ 2.000, não custeava a casa. “Fui procurar o Fundo Social e fiz o curso de padaria. Me apaixonei. E isso salvou a nossa vida.”

Segundo Sandrinha, do seu forno saem 150 unidades de pãezinhos por dia. Entre as opções de integral, batata e frios, cerca de R$ 1.000 se somam à renda mensal da família.

Sozinha para sustentar a casa, Sandrinha busca recursos para, em outra garagem que tem, montar pequena padaria. “Ganhei por doação um freezer, geladeira e forno. Agora preciso juntar dinheiro, e também mais doação, para montar o restante e poder realizar mais um sonho.”

A chef da família, como descreve sua filha, relata que a oportunidade ofertada pela Prefeitura resgatou nela autoestima e ânimo. Depois da dificuldade financeira e ter, sozinha, de cuidar do marido e da filha sem adaptação em casa, ela diz que o curso abriu novos horizontes. “Se hoje tenho conquistado algumas coisas é por causa da oportunidade que me foi dada pelo Fundo Social. Se todas as pessoas que estão sem trabalho buscassem uma capacitação teríamos menos marginalidade nas ruas e mais empregos independentes.”

Mesmo que a vida dela não seja das mais fáceis, afinal, Sandrinha se desdobra entre o salão, as encomendas de pães e o curso de costura, falta de vontade não faz parte de seu lema e, como diz sua filha, o resumo de vida delas sempre será “não ser frouxa”.

O apelo da família é para que a população colabore com doação, tendo em vista que, além de trabalhar, precisa cuidar do marido e da filha. Além disso, ela ressalta que as dificuldades do dia a dia não lhe tiram a motivação para seguir em frente. “Moro no quinto andar, e os prédios da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) não têm adaptação. Subo e desço escada com meu marido e filha no colo e, às vezes, meus vizinhos me ajudam. Em casa não temos nada adaptado.”

Sandrinha crê que os cursos do programa deveriam ser levados para dentro das comunidades, e que cada pessoa que se formasse deveria ser incentivada a repassar o conhecimento. 

Fundo Social prevê formar mais 350 pessoas até agosto

O Fundo Social de Solidariedade de Santo André era um projeto desativado e não tinha local próprio. Em outubro do ano passado, houve a abertura da sede do projeto e, no dia 15 de janeiro, a Prefeitura deu início aos cursos de capacitação com opções como padaria artesanal, artesanato, cabeleireiro, construção civil e costura. Em dez meses de abertura e sete meses de funcionamento, 181 pessoas já passaram pelos cursos até o mês de abril. Até agosto a expectativa é que mais 350 pessoas sejam formadas. 

A desempregada Gleice Nazario, 43 anos, se mudou do Rio de Janeiro para Santo André há um ano. Cansada de buscar emprego na área de pedagogia, ela encontrou o programa gratuito e realizou curso de corte e costura e artesanato. Atualmente, a renda de sua casa é complementada com a venda dos produtos que faz.

Entre paninhos bordados, fuxico e sacolinhas, Gleice diz que o discurso na festa de formatura, feito pela primeira-dama e presidente do Fundo Social, Ana Carolina Barreto Serra, foi animador. “Ela nos disse que não estavam somente formando profissionais, mas pessoas. E ela tem razão. Quando nos formamos entendemos que podemos ir além”, diz Gleice.

Para Ana Carolina, é impossível não notar quanto a capacitação é fundamental na vida das pessoas, que muitas vezes não têm condições de pagar um curso e por isso é mais difícil conseguir emprego. “Muitos (dos formados) já estão trabalhando na área que cursaram. Ou abrindo seu próprio negócio. É uma alegria ver a realização na vida dessas pessoas”, diz Ana Carolina

A primeira-dama anunciou ainda que nos próximos meses a escola de beleza terá novos cursos ofertados.




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