Economia Titulo Balança comercial
Exportações da região seguem com queda de 13%
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
19/11/2012 | 07:29
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As exportações do Grande ABC seguem em ritmo mais fraco neste ano na comparação com 2011, apesar da melhora da taxa cambial. De janeiro a outubro, as vendas das empresas dos sete municípios ao Exterior geraram receita de US$ 5,5 bilhões, o que significa retração de 13% frente ao mesmo período do ano passado, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Estudo feito pelo Dise (Departamento de Indicadores Socioeoconômicos da Prefeitura de Santo André) também mostra a dificuldade da expansão das encomendas da indústria da região a outros países. O levantamento, que pega os valores em dólares, transforma em reais e desconta a inflação pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), registra queda 4% nos embarques ao mercado internacional (de janeiro a setembro).

Para o economista Dalmir Ribeiro, diretor do Dise, os juros altos e o real valorizado ao longo dos últimos anos vieram cobrar a conta. "O dólar ainda não é adequado para que tenhamos uma recuperação. Seria imprescindível que subisse para R$ 2,20. Desse jeito, a exportação vai continuar patinando", estima.

Ele acrescenta que, mesmo com a valorização do real, da ordem de 15% desde novembro de 2011 - há um ano estava em R$ 1,78 e agora está em R$ 2,06 - não foi suficiente para impulsionar as vendas externas. Em outubro, o Grande ABC contabilizou US$ 648 milhões de receita com o comércio internacional, apenas 0,9% mais que o registrado no mês de 2011.

Representantes da indústria têm avaliação semelhante. O terceiro diretor de Finanças do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Shotoku Yamamoto, projeta que o ideal, para reduzir o descompasso na competitividade com o produto fabricado em outros países, seria elevar o câmbio para R$ 2,30.

 

PARTICIPAÇÃO

A pesquisa do Dise aponta ainda que as exportações do Grande ABC, que representavam 24% da economia dos sete municípios em 2008, atualmente só representam 19% da atividade econômica. Maior pólo exportador da região, São Bernardo registra retração nas encomendas ao Exterior dos principais itens de sua pauta: chassis de ônibus com motor, por exemplo, contabiliza queda de 20% e caminhões, 26%.

Além das dificuldades de competitividade no Exterior por causa da taxa cambial defasada, a crise europeia ampliou a concorrência internacional. O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Cledorvino Belini, cita que há hoje uma capacidade ociosa de 29 milhões de veículos, de indústrias de diferentes partes do mundo que se tornam ávidas por mercados consumidores. s

 

Custo Brasil atrapalha competitividade no Exterior

 

Em algumas áreas, o produto brasileiro é reconhecido no Exterior, por sua boa qualidade. No entanto, há dificuldades de efetivação de negócios, que estão relacionadas ao Custo Brasil (por exemplo, alta carga tributária, burocracia, custos de logística e de insumos), cita o vice-diretor da regional do Ciesp de São Caetano, William Pesinato, que é diretor de indústria de artigos hospitalares.

Pesinato, que participava na última semana da feira Medica, em Dusseldorf (na Alemanha), exemplifica que os custos de matéria-prima, em muitos casos, são mais altos no País do que no Exterior: "um quilo de aço inoxidável para pequenos consumidores sai por R$ 18 a R$ 20 no Brasil, enquanto na Europa custa 4 euros (em torno de R$ 12)."

Para o dirigente, as perspectivas não apontam melhora das exportações brasileiras no curto prazo. "A competitividade brasileira (por causa de fatores como o alto custo de insumos) atrapalha", afirma.

Dalmir Ribeiro, diretor do departamento de Indicadores Socioeconômicos da Prefeitura de Santo André, assinala que o governo federal tem adotado medidas para ajudar a indústria nacional, como a intenção de reduzir custos de energia elétrica a partir de 2013.

O diretor de Finanças do Ciesp Shotoku Yamamoto cita ainda que mudança do recolhimento da contribuição patronal do INSS, que passa a ser sobre o faturamento e não mais sobre a folha de pagamento das empresas, dá condições melhores de concorrência com os importados. No entanto, há a avaliação entre o empresariado é de que há muito ainda a ser feito para tornar o produto nacional mais competitivo.

 




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