Vinte clubes vão lutar por três meses e meio na Série A-2 do Paulista apenas com um objetivo: a vaga na elite em 2013, destinada a quatro agremiações. O título também é importante, mas em divisão de acesso o maior troféu é subir um degrau.

No meio dos postulantes estão Santo André e São Bernardo, rebaixados na temporada 2011. O Ramalhão tem tradição na competição com três títulos (1975, 1981 e 2008), enquanto o Tigre, com apenas sete anos de vida, participou duas vezes (2009 e 2010), alcançando o acesso na última tentativa. Será a primeira vez que os dois duelarão nesta divisão.

As equipes da região terão rivais complicados como Red Bull, que tem estrutura de clube grande, América, com vários reforços, Audax, do Grupo Pão de Açúcar, e São José, patrocinado pela Sabesp, além do Noroeste, três vezes campeã da Série A-2 e que também foi rebaixado da elite no ano passado.

A novidade fica por conta do São Carlos, primeiro adversário do São Bernardo e que disputa pela primeira vez a Série A-2.

Mas o poderio de cada equipe será conhecido somente no decorrer do Estadual, que terá novo regulamento neste ano. A Federação Paulista alterou a fórmula e retomou a utilizada em 2010, com apenas um grupo na primeira fase, com todos se enfrentando em turno único - os quatro piores times serão rebaixados. No ano passado, a competição foi regionalizada com duas chaves de dez equipes.

Na segunda etapa, serão dois grupos com quatro times, que jogam entre si turno e returno. Os dois melhores de cada chave garantem o acesso, e os primeiros colocados ainda disputam o título em 13 de maio.

Com tantos jogos em pouco tempo - serão 27 para o time que chegar à final e 25 para quem alcançar a segunda fase -, as equipes serão obrigadas a jogar quase ininterruptamente duas vezes por semana. Apesar de cansativo para os jogadores, será emocionante para os torcedores que vão acompanhar um dos campeonatos mais disputados do País.

Palcos da região em condições distintas

Dois dos estádios do Grande ABC receberão jogos do Campeonato Paulista da Série A-2 em situações completamente opostas. De um lado o bem estruturado e organizado 1º de Maio, casa do São Bernardo. De outro, o cenário de guerra do Bruno Daniel, que abrigará as partidas do Santo André.

Reformada para a estreia do Tigre na elite no ano passado, a praça esportiva são-bernardense oferece, provavelmente, a melhor estrutura da divisão, ao lado da Arena Barueri. Sob a manutenção do clube - cuida do gramado - e com o apoio da Prefeitura, está tão em evidência que foi utilizado para os amistosos de fim de ano do goleiro corintiano Júlio César e do atacante santista Neymar. O Peixe, inclusive, vai realizar jogo do Paulistão (contra o Linense) no local, em razão da troca de grama da Vila Belmiro.

Já o Bruno Daniel, que já foi palco de Copa Libertadores, Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil, hoje agoniza. O descaso da administração municipal, que abandonou o local em plena reforma, prejudica o time. Tanto que até o fim da semana ainda estendia-se a dúvida se o estádio seria liberado para a Série A-2.

Em maio do ano passado, o prefeito Aidan Ravin anunciou a demolição da condenada marquise e a reconstrução do setor. Até a parte que a estrutura foi ao chão a obra parecia dentro do cronograma, mas desde setembro os funcionários desapareceram e aquela área do Bruno Daniel está literalmente abandonada.

No dia 20 de dezembro, o engenheiro da Confederação Brasileira de Futebol Reginaldo Cordeiro visitou as instalações, atestou problemas no gramado e pediu isolamento do setor em obras. Com ajuda do Santo André - cedeu adubo - a Prefeitura deixou a grama em condições, restando apenas a conclusão da contenção para a liberação definitiva do estádio.

INTERDITADOS

Santacruzense e União Barbarense estão sem casa para jogar o Paulista da Série A-2. Até sexta-feira, os estádios Deputado Leônidas Camarinha, em Santa Cruz do Rio Pardo, e Antonio Lins Ribeiro Guimarães, em Santa Bárbara d'Oeste, tinham indicação de interditados, segundo o diretor de segurança e prevenção da Federação Paulista de Futebol, coronel Marcos Marinho.

No estádio da Santacruzense, o laudo do Corpo de Bombeiros não foi renovado, enquanto no da Barbarense faltam a documentação referente à segurança e ao combate de incêndio. Dérek Bittencourt

Clássicos são atrativo à parte na Série A-2

Sem favoritos, o Paulista da Série A-2 deve ser dos campeonatos mais equilibrados dos últimos anos e tem como principal atrativo a volta dos clássicos regionais. Dos 20 participantes, pelo menos metade inicia a competição em condições de garantir o acesso para a elite de 2013 e 11 convivem em cidades próximas.

Rebaixados em 2011 depois de fracas campanhas, os limítrofes Santo André, e São Bernardo estarão frente a frente. Será apenas o segundo encontro dos vizinhos com as equipes principais, afinal já duelaram em categorias de base e pela Copa Paulista. Por outro lado, no Paulistão do ano passado, vitória são-bernardense por 2 a 1. Dessa forma, não se pode dizer que já exista rivalidade, caso contrátrio ao daqueles que dividem cidade, casos de Rio Claro e Velo Clube, ambos rioclarenses, e Rio Preto x América, de São José do Rio Preto.

Existem ainda outros casos semelhantes ao de Tigre e Ramalhão entre times da mesma região. União Barbarense (Santa Bárbara d'Oeste) e Red Bull (Campinas) estarão na disputa. Porém, ainda não podem ser vistos como rivais, já que o Tourão foi criado apenas em 2007. Já União São João (Araras), Ferroviária (Araraquara) e São Carlos, da região central do Estado, têm certa tradição em confrontos. Marco Borba