A Record também aposta na ficção para comemorar o fim de ano. Na madrugada de hoje para amanhã, no ingrato horário da 0h15, vai ao ar o telefilme Uns Braços, adaptação do conto de mesmo nome escrito por Machado de Assis (1839-1908).

O roteiro do telefilme ficou a cargo de Adolfo Rosenthal, que também dirige o especial. O elenco é composto por um trio pinçado do teatro paulista: Celso Frateschi, Ana Petta e Antonio Moraes.

A produção é uma parceria da Record e da Contém Conteúdo, responsável pelo especial Os Óculos de Pedro Antão (também de Machado), exibido pela emissora em 2008.

O texto deste especial , publicado em 1896, conta a história da paixão de um adolescente por uma mulher mais velha.

O jovem Inácio (Moraes) se encanta por Dona Severina (Ana), a mulher de seu patrão, o senhor Borges (Frateschi). O jogo de sedução se exprime pelo fascínio que o garoto tem pelos braços da patroa. A mulher, por sua vez, passa a deixá-los descobertos depois que percebe os olhares do rapaz. Assim como no conto original, um narrador explicita as intenções veladas dos personagens.

Esta é a segunda vez que a atriz Ana Petta, que faz parte do grupo teatral paulistano Cia do Latão, dá vida a uma criação machadiana. Encarnou no teatro a personagem-título de A Cartomante.

"Mas esse era apenas uma aparição. Com Dona Severina, tive a oportunidade de mergulhar na complexidade dos personagens do Machado", explica. "São três níveis: o que ela pensa, o que ela sente e como age", explica a atriz, que também faz parte do elenco da série policial 9MM, cuja terceira temporada deve estrear na Fox em maio.

A princípio, Dona Severina passa a repelir o garoto. "Quando ela percebe o Inácio, ela começa a tratá-lo mal. Mas por dentro está gostando. É uma complexidade apaixonante", afirma a atriz. Antes do início das gravações, Ana e Moraes fizeram laboratório juntos.

"Não nos conhecíamos e aproveitamos para mergulhar nesse universo juntos. Com o Frateschi eu nunca havia trabalhado também, mas sempre fui admiradora do trabalho. E foi maravilhoso dividir a cena com ele", relata.

A equipe gravou por três semanas, entre novembro e dezembro. As locações foram no centro do Rio e na Ilha de Paquetá, além de antigos casarões em Santana do Parnaíba, a 40 quilômetros de São Paulo. "Foi uma produção de época muito bem cuidada. Do figurino ao cenário, passando pela preparação de elenco. A qualidade é excelente, é bem artístico e, ao mesmo tempo, acessível ao público", elogia Ana.