Atropelado pelo vazamento de informaçoes sobre investigaçoes conduzidas por agentes da Agência Brasileira de Informaçao, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Alberto Cardoso, foi aconselhado a fazer um rigoroso "pente-fino" na agência. A sugestao partiu da convicçao de que funcionários da Abin insistem em manter o velho estilo de atuaçao na área de inteligência, ou, numa segunda hipótese, teriam interesse em prejudicar o trabalho comandado por Cardoso.

 Numa longa conversa com Cardoso, na semana passada, o deputado José Genoíno (PT-SP) comentou com o responsável pela Abin sobre a proposta de fazer um novo recrutamento de agentes da inteligência, "zerando" o antigo quadro de funcionários e criando novo concurso público. Na conversa, Cardoso mostrou simpatia pela proposta de Genoíno, que fora reprovada na Câmara em 1998, quando foi acatado o relatório do ex-deputado tucano José Aníbal para a criaçao da Abin.

Para o parlamentar petista, o maior problema da nova agência de inteligência é que ainda paira sobre ela a sombra do antigo Serviço Nacional de Informaçao. "Parte da Abin é do velho sistema, com funcionários nomeados ou requisitados de outros órgaos", afirmou Genoíno. "Um pente-fino é fundamental até mesmo para ser preservado o comando da agência", defendeu.

O presidente do Congresso, senador Antonio Carlos Magalhaes (PFL-BA), afirmou nesta terça-feira ser inadmissível que o presidente da República nao tenha sido informado da investigaçao sobre o filho Paulo Henrique Cardoso por agentes da Abin, como foi divulgado na imprensa. "Ou o general Cardoso nao está tendo o controle total do órgao, que trabalha à revelia dele, ou ele nao está sendo leal ao presidente da República", sugeriu ACM.

A Comissao de Constituiçao e Justiça do Senado nao confirmou terça a audiência Alberto Cardoso na sessao de hoje para explicar as açoes da Abin nos episódios divulgados, até mesmo o que envolveu o filho de Fernando Henrique.