A politização da audiência pública realizada na quarta-feira para apurar aumentos abusivos em contas de água expedidas pela Saned (Companhia de Saneamento de Diadema) fez com que os vereadores estudassem alternativas para solucionar o problema. Os parlamentares de Diadema pretendem formalizar comissão legislativa para acompanhar casos comprovados de erros na emissão dos boletos e cogitam até a convocação do prefeito Mário Reali (PT) para prestar esclarecimentos sobre o tema.

Vereadores que defendem a ida de Reali à Casa para falar sobre as contas de água da Saned entendem que o processo eleitoral poderia desvirtuar a criação de uma comissão, já que diversos parlamentares brigarão pela reeleição e deverão deixar o trabalho neste grupo em segundo plano.

O PT ainda reluta na convocação do prefeito. Temem que a prestação de Reali traga desgaste à imagem do petista, até agora desatrelado dos problemas registrados na Saned. Na quarta-feira, as críticas ficaram centralizadas na atual diretora-presidente da autarquia, Neuceli Bonafé Boccatto, e no ex-comandante da Saned Walter Rasmussen (PT).

"Talvez a criação desta comissão parlamentar seja a melhor saída. Vamos nos reunir na próxima semana para definir isso", disse o vereador Orlando Vitoriano (PT), líder do governo Reali no Legislativo.

Ontem, durante sessão na Câmara, vários parlamentares criticaram o viés político que tomou conta da audiência pública. "Tudo me pareceu encheção de linguiça", afirmou Lauro Michels (PV). "Virou palanque eleitoral, com muita gente querendo se promover às custas de problemas de outros. O feitiço pode virar contra o feiticeiro", avaliou Milton Capel (PV), com relação à falta de respostas efetivas de Neuceli sobre contas de água com variação mensal de aproximadamente 1.000%.

O vereador oposicionista José Francisco Dourado (PSDB) evitou creditar a audiência pública como palanque político. "Tudo que foi falado foi no calor da discussão. Já vi debates muito mais tensos em Diadema do que esse."

O tom moderado do tucano decorre de um dos organizadores do grupo que protestava contra o aumento nas contas de água ser Atevaldo Leitão, pré-candidato a vereador pelo PSDB e diretor do núcleo sindical do partido. Durante toda audiência na quarta-feira, Atevaldo tentou não atrelar sua carreira política ao problema dos boletos da Saned. Mas, no meio da sessão, bateu boca com o petista Manoel Eduardo Marinho, o Maninho, escancarando o viés político que tomou conta da discussão. Também na quarta-feira, funcionários de confiança da administração Reali compareceram no prédio do Legislativo para contrapor à presença de munícipes ligados ao PSDB.