Economia Titulo Seu bolso
Inadimplência eleva juros às famílias

Pesquisa revela alta na taxa média mesmo com
Selic em queda e operações mais baratas

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
22/08/2012 | 07:30
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A taxa média de juros aos consumidores, 6,2% ao mês, subiu em junho contra o mês anterior, quando era 6,18% ao mês, mesmo com os anúncios de reduções dos bancos, constatou a Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).

Por outro lado, a entidade apurou que o custo médio dos financiamentos de veículos atingiu o menor percentual da história, de 1,84% ao mês. A pesquisa teve início em 1995.

O vice-presidente da Anefac e coordenador do estudo, Miguel José Ribeiro de Oliveira, considerou que a elevação da taxa média de juros pode estar associada à piora do cenário econômico em decorrência da crise na Europa.

O especialista também destacou a expectativa do mercado financeiro quanto ao crescimento econômico. No começo de junho, segundo o Boletim Focus do Banco Central, o mercado estimava alta de 2,72% no PIB (Produto Interno Bruto) deste ano. Na segunda-feira, a previsão estava em 2,01%.

Oliveira creditou ainda o resultado dos juros ao aumento dos índices de inadimplência. O BC aponta que o calote das famílias nas operações de crédito está em 7,98%, maior patamar desde novembro de 2009 (8%).

Professor de Finanças da pós-graduação da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), José Ricardo Escolá de Araújo, que também ministra aulas na Trevisan Escola de Negócios, Fundação Getulio Vargas e Febraban (Federação Brasileira de Bancos), discordou que a crise internacional interfira nas taxas de juros. "É muito emocional o impacto e isso não muda nada."

Por outro lado, ele acredita que a inadimplência é o principal motivo para a alta do custo do crédito. "A Selic cai, mas a inadimplência está subindo muito. Os bancos sabem (por causa do risco) que não vão receber de sete pessoas em grupo de dez e elevam juros para compensar", explicou Araújo.

Adriano Gomes, professor de Finanças da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), descreveu a receita do preço do crédito. "Ele é composto por custo do dinheiro (Selic), tributação, inadimplência e lucro do banco (spread). Como o custo para os bancos caiu, a inadimplência subiu e a tributação e o spread continuam os mesmos, a inadimplência se torna fator determinante", explicou.

Gomes acredita que a expansão da demanda por crédito também contribuiu. Segundo último registro do BC, as famílias contrataram R$ 82,99 bilhões em maio, alta mensal de 5,4% e anual de 8,3%.

 

Cinco dos maiores bancos vão baratear seus empréstimos

Depois que o Banco Central reduziu a meta para a taxa básica de juros, a Selic, na quarta-feira, de 8,5% ao ano para 8%, os bancos iniciaram a corrida de redução nos custos aos consumidores de algumas de suas linhas de crédito. Os novos percentuais entram em vigor a partir de segunda-feira.

A Caixa Econômica Federal anunciou menor taxa máxima do financiamento de veículos, de 1,75% ao mês para 1,63% ao mês. A mínima continua em 0,75% ao mês, mas a liberação dos recursos com este preço depende do prazo da operação, cota de financiamento e ano do veículo, avisou a instituição financeira. O crédito em que o consumidor deixa um imóvel como garantia ao banco passou de 1,35% a 1,55% ao mês para 1,31% a 1,51%. A TR (Taxa Referencial) é incluída no plano.

O Bradesco diminuiu os juros de suas taxas mínimas mensais nas linhas de crédito pessoal (1,89%), CDC (Crédito Direto ao Consumidor) para a aquisição de veículos (0,89%), leasing para a compra de automóveis (1,59%) e aos financiamentos de bens e serviços (2,36%).

Crédito pessoal e consignado foram as modalidades escolhidas pelo Santander para repassar a redução da Selic, nas taxas máximas e mínimas. No primeiro, o banco baixou de 1,79% a 6,93% ao mês para 1,75% a 6,89% ao mês. Já no empréstimo descontado em folha de pagamento a contração foi de 0,89% a 3,5% ao mês para 0,85% a 3,46% ao mês.

O Banco do Brasil foi a primeira instituição que anunciou quedas como repasse da Selic. Minutos após a decisão da diretoria do BC, na quarta-feira por volta das 21h, o banco avisou que redução ocorrerá na linha para a compra de material de construção, que custará entre 1,53% a 1,98% ao mês. O HSBC informou que ainda não definiu ajustes na sua precificação do crédito.




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