Política Titulo Maco Zero
Braido revela ter pago por terreno de Bigucci; TJ-SP comprova parceria
Gustavo Pinchiaro
Do Diário do Grande ABC
17/04/2015 | 07:06
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Documentos entregues pela Braido Comercial e Administradora Ltda ao Ministério Público e sentença do juiz Alberto Alonso Muñoz, do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), comprovam que a Big Top 2, de Milton Bigucci, formou consórcio com a Braido e a Even Construtora e Incorporadora depois de arrematar em leilão área de 15,9 mil metros quadrados, onde é erguido o Marco Zero.

Formalmente, a Big Top 2 venceu por oferta de R$ 14 milhões a concorrência de 2008, disputada também pela Braido e pela Even, derrotadas. As três, posterior ao arremate do espaço público, se consorciaram ilegalmente, pois desrespeitaram os itens 2.1.1 b2 e 5.6 do edital do certame.

Em resposta a inquérito do MP, a Braido encaminhou documento admitindo que procurou a Big Top 2 para firmar parceria depois do leilão realizado (veja fac-símile ao lado). “Encerrado o certame, confirmado o vencedor com publicação do resultado final, a Braido, dias depois, se voltou para o empresário Milton Bigucci, sócio da empresa ganhadora, sugerindo ao mesmo eventual parceria naquele empreendimento”, disse em documento o diretor da companhia, João José Dario. O texto ainda revelou que a empresa foi, mês a mês, pagando as devidas parcelas do terreno e se tornou acionista da Big Top 2, assim como fez a Even.

O juiz Alberto Alonso Muñoz, em sentença de ação movida por José Moreira Soares de Azevedo contra a Even – em que cobra pagamento por assessoria imobiliária na tentativa de compra do terreno de São Bernardo –, reconheceu que a Even pagou parte da área e fez consórcio com a Big Top 2 “em participação societária da ré no futuro empreendimento imobiliário”. O item 5.6 do edital do leilão exigia que o pagamento pelo terreno tivesse de ser efetuado exclusivamente pela arrematante – no caso, a Big Top 2.

De acordo com o documento entregue pela Braido ao MP, a Even foi a primeira a desistir do consórcio, que passou a ser dividido igualitariamente entre Braido e Bigucci. Após série de estudos para definir o projeto imobiliário, a Braido também optou por abandonar o acordo e recebeu como pagamento suas cotas, que somavam R$ 8,49 milhões. Sendo assim, o Marco Zero passou a ser tocado apenas pela Big Top 2.

Por meio de nota, a Even “esclarece que não participa do empreendimento”.

A empresa de Bigucci rebateu a formalização de consórcio entre as empresas. “Se quiséssemos nos consorciar com outras empresas, o edital permitia (apenas se a junção fosse reconhecida em cartório antes do leilão). Inclusive vários outros interessados participaram do leilão de forma associada. Não foi o caso da Big Top 2”. Sobre a carta de intenções revelada ontem pelo Diário, o empresário informou que o documento “foi apresentado ao MP e, portanto, amplamente analisado, cujo objeto era intenção de outras empresas em participar do quadro societário da Big Top 2, frisa-se, algo legítimo e lícito”.

Ontem, o Diário mostrou que a Even e a Braido fizeram transferências financeiras ao Paço de São Bernardo para quitar terreno. “A Big Top 2 pagou o sinal de R$ 700 mil e assinou ata e recibo de leilão, sozinha. Não houve consórcio com nenhuma empresa. Parcelas do saldo do preço foram totalmente quitadas pela Big Top 2, independentemente da titularidade do cheque”, argumentou a empresa de Bigucci, diferentemente do que apresentam documentos. 




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