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Dois jornalistas franceses são seqüestrados no Iraque
Da AFP
28/08/2004 | 19:52
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Os dois jornalistas franceses desaparecidos no Iraque há mais de uma semana foram seqüestrados por um grupo islamita que exige a revogação pela França, num prazo de 48 horas, da lei sobre o véu islâmico. O seqüestro foi anunciado neste sábado pela rede de televisão Al Jazeera, do Qatar.

Em Paris, as autoridades francesas estão "mobilizadas" e pediram aos seqüestradores a libertação dos profissionais, segundo um comunicado divulgado à noite pelo Ministério das Relações Exteriores.

A Al Jazeera divulgou dois breves trechos de um vídeo mostrando os dois jornalistas, Christian Chesnot e George Malbrunot, que confirmam estar sendo mantidos como reféns pelo "Exército Islâmico no Iraque", o mesmo movimento que reivindicou a execução do jornalista italiano Enzo Baldoni, revelada pelo canal árabe na noite de quinta-feira.

"Estamos com os irmãos do Exército Islâmico no Iraque", declara Chesnot na gravação, numa fala em árabe rudimentar. "Quero tranqüilizar minha família, lhes dizer que estou bem", afirma Malbrunot em francês.

Uma bandeira negra com o nome do grupo inscrito em letras árabes vermelhas e com a carta do Iraque atravessada por um fuzil Kalashnikov aparece no plano de fundo do vídeo mostrado pela Al Jazeera. Chesnot, que trabalha como free-lance para Radio France e Radio France Internationale (RFI), e Malbrunot, enviado especial dos jornais Le Figaro e Ouest-France, desapareceram no Iraque em 20 de agosto, quando deviam viajar à Najaf.

De acordo com Al Jazeera, o grupo exige que "a França suspenda, dentro de um prazo de 48 horas, a lei proibindo o véu islâmico nas escolas públicas", destacando que "esta lei é uma injustiça, e uma agressão contra a religião muçulmana e as liberdades individuais".

Em Doha, o Comitê dos Ulemás muçulmanos, a principal organização religiosa sunita, lançou na noite deste sábado um apelo à libertação dos dois jornalistas. "Em nome do Comitê dos Ulemás muçulmanos, exortamos os seqüestradores a libertar os dois jornalistas", declarou o xeque Abdessatar Abdeljawad, membro da entidade.

Abdeljawad também aproveitou a ocasião para pedir às autoridades francesas que voltem atrás na decisão de proibir aos alunos das escolas públicas ostentar qualquer sinal religioso, entre eles o véu islâmico.

A lei proibindo os sinais religiosos ostensivos nas escolas havia suscitado muitos protestos dos países árabes, de religiosos muçulmanos e de grande parte da comunidade muçulmana francesa, que interpretou a promulgação desta lei como um ataque contra o Islã.

A lei em questão deve ser aplicada a partir da próxima quinta-feira, quando os alunos voltam à escola.




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