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Arte de Fernando Sardo sustenta filme
26/09/2008 | 07:20
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Musicagen é, como dizem os diretores Edu Felistoque e Nereu Cerdeira, um neologismo. Palavra inventada, fusão de música com molecagem. Por que então termina com ‘n' e não com ‘m'? Por nada. Brincadeira. Provocação. Eles mesmos dizem isso no press release engraçadinho, que chega a propor uma crítica positiva e outra negativa ao filme para jornalistas com falta de tempo.

Mas o personagem principal do documentário é alguém que brinca seriamente, como uma criança brinca, e com a música ainda por cima - Fernando Sardo. O luthier de Santo André fabrica instrumentos a partir de canos de PVC, latas de conservas, tubos de desodorante e o que mais encontrar pela frente. Transforma-os em instrumentos musicais e tira som de cada um deles.

A idéia do filme é apresentar esse tipo de arte que se poderia chamar de "música de invenção" não fosse o termo redundante - se é alguma forma de arte tem de haver inovação, em algum nível pelo menos. E, as maiores inovações de Sardo, ao que parece, ficam por conta do suporte sonoro, dos instrumentos inusuais que fabrica.

Em seguida, tenta-se fazer uma espécie de contraponto entre a música de Sardo, inclassificável, e a música ‘oficial', representada, por exemplo, por dois maestros - Daniel Misiuk e Júlio Medaglia, este arranjador, parceiro de estrada da bossa nova e do tropicalismo, enfim, pessoa que dificilmente alguém poderia classificar de convencional.

No entanto, os dois maestros parecem meio caretas quando comparados a Sardo. Misiuk admitindo, com visível contragosto, que a música do luthier ‘soa bem', quase numa concessão. E Medaglia, classificando-a como pré-bachiana. Bem, é o que às vezes acontece com os ‘inventores'. São tão criativos, sentem-se tão fortes em sua originalidade que se dão ao luxo de ignorar a história da arte que abraçaram. Nesse sentido, o filme é interessante. Meio esticado, parece às vezes encher lingüiça com um assunto que já se esgotou e para o qual não encontra um desfecho convincente.




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