São Bernardo é a cidade do Grande ABC em que a população mais fez denúncias contra a prática de crimes por meio do Disque-Denúncia, serviço que completa cinco anos neste mês. Foram 1.639 casos denunciados pelo telefone 181 entre janeiro e outubro deste ano, período no qual o sistema permite obter dados por município. O serviço é mantido pelo Instituto São Paulo Contra a Violência em parceria com a Secretaria de Estado da Segurança Pública.

Na segunda colocação, vem Santo André, que registrou 1.604 denúncias. Depois vem Diadema (1.347), Mauá (902), São Caetano (266), Ribeirão Pires (200) e Rio Grande da Serra (78). No ranking da Grande São Paulo, quatro cidades da região ocupam as primeiras colocações: São Bernardo (4º), Santo André (5º), Diadema (6º) e Mauá (9º). São Caetano ocupa a 21º posição, enquanto que Ribeirão Pires está em 24º lugar e Rio Grande da Serra, na 33º posição. Os números, absolutos, seguem a lógica do tamanho da população de cada cidade.

Os índices de denúncias no Grande ABC são considerados satisfatórios pela coordenação do serviço e pela Polícia Civil da região, embora haja o consenso de que a população deveria utilizar mais esse recurso, que garante o anonimato do denunciante. O comando da PM na região não quis se manifestar.

O percentual de casos solucionados nas sete cidades da região por meio das denúncias é baixo se considerada a média estadual, que foi de 20,49%. De 88.994 denúncias em São Paulo, 18.238 foram esclarecidas. Na região, esse índice variou de 6,04% em Santo André, a 0,59%, em Diadema. Apesar das taxas baixas, a polícia afirma que o Disque-Denúncia é um instrumento de valor na elucidação dos crimes.

"Muitas vezes a denúncia procede, mas não é possível fazer uma prisão em flagrante por conta de diversos fatores. Isso ocorre em casos de tráfico de drogas, que é um dos crimes mais denunciados", afirma o delegado-assistente Mitiaki Yamamoto, da Seccional de Diadema. "Consideramos bom o nível de esclarecimento de crimes. Se uma denúncia é solucionada, já valeu a pena o nosso trabalho", diz o coordenador do Disque-Denúncia, Athayde da Silva.

A central de atendimento funciona 24 horas e recebe, em média, 400 denúncias diárias, recebidas por 51 atendentes. O tempo de espera pelo atendimento é de 20 segundos. O custo do sistema é de R$ 200 mil por mês, mantido pelo Instituto São Paulo Contra a Violência, com apoio de 16 instituições.

Os crimes mais denunciados na região seguem a tendência estadual. São os de tráfico e porte de drogas e de maus-tratos contra crianças. "Esses delitos são os que mais incomodam a população. Também estão ligados à clandestinidade, e o sigilo do denunciante é fundamental", diz o delegado seccional de São Bernardo, Marco Antônio de Paula Souza, que responde também por São Caetano.