A arte de Rossellini evoluiu por trilogias. Ele começou com uma trilogia fascista (La Nave Bianca, Un Piloto Ritorna e L’Uomo della Croce), evoluiu para o antifascismo por meio de outra trilogia dedicada à guerra (Roma, Cidade Aberta, Paisà e Ano Zero). Com Cidade Aberta, impôs o neo-realismo, a escola de cinema que surgiu na Itália devastada na guerra, quando o país olhou para dentro de si mesmo, à espera de um renascimento. Um cinema tratando dos temas sociais decorrentes da destruição provocada pelo conflito bélico.
Ingrid Bergman, a maior estrela de Hollywood na época, declarou-se siderada por Roma, Cidade Aberta. Queria filmar com ele. O diretor transformou a deusa de Hollywood numa mulher comum e fez com ela Stromboli, o primeiro de seis filmes. Os críticos acusaram-no de ingressar num ciclo de dramas psicológicos burgueses.
Prosseguindo com a linha evolutiva do seu cinema, Rossellini chegou em Viagem pela Itália. Prescindiu do roteiro como base de sua dramaturgia e, assim, colocou-se contra Hollywood. Preferia inventar o filme com os atores no próprio set de filmagem.
Foi um grande amante. Teve a fase Anna Magnani, a fase Ingrid Bergman. Em 1958, esteve no Brasil, para um projeto nunca concretizado. Queria filmar Josué de Castro, A Geografia da Fome. Para Rossellini, o cinema tinha de ter compromisso com o homem, não com a forma, o que não o impediu de revolucionar a estética cinematográfica, implodindo a narrativa tradicional.
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