"Pode se tratar do BZ (bencilato de quinuclidinilo), que provoca, por um lado, uma forte confusão mental, uma incapacidade de ação, e por outro efeito sedante", explicou o pesquisador, que se apóia nos depoimentos dos reféns e nos sintomas descritos por aqueles que estão hospitalizados.

"A Rússia ainda não informou que tipo de gás tinha utilizado porque o BZ, assim como a maioria dos gases entorpecentes, faz parte da lista de produtos que figuram na convenção de proibição de armas químicas", indicou.

Para Olivier Lepick, não se pode tratar do gás do tipo CS --hipótese colocada por outros especialistas franceses --, porque esse é um gás lacrimogêneo. "Irritar os olhos ou as mucosas de alguém nunca o impediria de acionar um detonador. Mas deixá-lo completamente paralisado sim", assinalou.

Um ex-refém russo contou que após ter respirado o gás, perdeu imediatamente os sentidos e se sentiu como se tivesse tomado "mil litros de vodca".

"Em doses fortes, o BS é tóxico, especialmente em pessoas que já têm problemas cardíacos ou respiratórios. Mas em doses pequenas, não tem nenhuma conseqüência uma vez que se controlam seus efeitos", diz o pesquisador.

Ele estimou que "a utilização deste tipo de gás pode explicar o número de vítimas, especialmente se a substância usada não era de boa qualidade e se houve uma elevada concentração".

Segundo o chefe dos serviços médicos de Moscou, Andrei Seltovski, até agora morreram 117 reféns. Centenas foram feridos e muitos deles se encontram em estado grave.