Economia Titulo Mais caro
Inflação atinge maior nível desde 2005

IPCA-15 acumula 7,10% em 12 meses; para especialistas
índice é sinal de aumento nos preços nos próximos meses

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
20/08/2011 | 07:30
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Desde junho de 2005 que a inflação acumulada em 12 meses não supera a casa dos 7%. Ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 subiu 7,10% em um ano. O indicador acumula o período completo no fim da segunda quinzena deste mês. E, na opinião dos especialistas, é sinal de que o consumidor terá mais aumento nos preços nos próximos meses.

Na ponta do lápis, se uma família gastava R$ 300 para realizar a compra do mês, no fim de agosto de 2010, hoje serão necessários, em média, R$ 321. O acréscimo seria suficiente para comprar pouco mais de um quilo de carne de primeira.

O perigo do resultado acumulado em 12 meses é que ultrapassou o chamado teto da meta de inflação, que é de 4,5% com margem de dois pontos percentuais. Este limite, de alta média nos preços, é determinado pelo governo federal como saudável para a economia brasileira.

"A verdade é que a interpretação deveria ser que quando a inflação sai do centro da meta já é sinal amarelo, quase laranja", opinou o presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade, Andrew Frank Storfer.

Ele disse que existe grande diferença entre 4,5% e 6,5%. "E o governo não deveria interpretar esse espaço como aceitável." E avaliou que o IPCA-15, ao superar a meta, é sinal de que os consumidores sofrerão ainda mais com inflação.

Na avaliação de Storfer, novas altas na Selic (taxa básica de juros), como vem ocorrendo desde o fim do ano passado, não serão suficientes para conter o consumo. Isso porque existe ampla distância entre a taxa básica, de 12,5% ao ano, e os juros efetivos que o consumidor paga, como o cartão de crédito, cuja taxa é de 238% ao ano. "Ele não sente alterações na Selic, que já é uma das maiores do mundo. Essas elevações mudam nas parcelas bem pouco, passam de R$ 130,30 para R$ 130,40, por exemplo", explicou.

O professor de Economia do Grupo Ibmec Cláudio Shikida concorda que a inflação continuará subindo. "A menos que o governo faça corte nos gastos públicos, pois ainda não houve efetivamente." E completou que tentar diminuir o consumo pela Selic pode não surtir mais efeito. Storfer compartilhou a mesma opinião.

O IPCA de julho, última divulgação oficial de inflação, acumulou 6,87% em 12 meses.

Opção é ampliar a capacidade de produção

Além do corte de gastos do governo, outra solução para segurar o avanço dos preços aos consumidores é o incentivo aos investimentos, afirmou o professor de Economia da Universidade Metodista de São Paulo Sandro Maskio.

O acadêmico argumentou que com maior aporte de dinheiro, as empresas teriam condições para ampliar a capacidade de produção. E, com isso, aumentar a oferta de produtos no País, para compensar a demanda. "O fluxo de consumo é bom para a produção. O problema está na capacidade de produção. Quando tenho fluxo de consumo maior do que o quanto eu quero consumir ocorre alta nos preços", explicou Maskio.

SELIC - A taxa básica de juros é a mais usada pelo governo para segurar a inflação, que sobe quando a procura é maior do que a oferta. O governo usa a Selic para aumentar os juros a fim de tirar a vontade do consumo, reduzindo a demanda.

 




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