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Arte em todos os cantos

Mostra Sesc 2008 traz à região algumas das cerca de 80 atrações selecionadas para esta edição do evento

Julio Ibelli
Especial para o Diário
05/10/2008 | 07:00
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A Mostra Sesc 2008 traz para as duas unidades da região (Santo André e São Caetano), da próxima quarta até o dia 18, algumas das cerca de 80 atrações selecionadas para esta edição do evento que, por meio do transporte da arte para novos suportes além dos já habituais, pretende desacelerar o ritmo dos grandes aglomerados urbanos para incentivar um novo olhar sobre a produção contemporânea.

Tanto o Sesc Santo André quanto a unidade de São Caetano compartilham duas atrações, no teatro (Descartes) e na dança (no espetáculo de nome sugestivo ao tema do evento: O Corpo é a Mídia da Dança? e Outras Partes).

Na primeira delas, que será encenada no dia 15, em Santo André, e no dia seguinte em São Caetano, o filósofo francês que empresta nome à peça (René Descartes) tem revisitada a obra Meditação Quarta do Verdadeiro e do Falso, em que o ator funciona como uma espécie de esponja das aflições contemporâneas compartilhadas pela sociedade.

Já no espetáculo de dança O Corpo é a Mídia da Dança? (dia 11 em São Caetano e 16 em Santo André), o artista Vanilton Lakka estréia a montagem em que funde mais uma de suas criações, Outras Partes, para mostrar como acontece o surgimento dos movimentos em diversos suportes, como o próprio corpo.

Ainda na seara da dança, Santo André recebe no dia 9 a montagem Brucutu, co-produção entre as cidades de Curitiba e Salvador. Na montagem do grupo Aburussu, o espectador é levado a usar o mesmo gorro cujo nome é mencionado no título do espetáculo.

E se São Caetano recebe a única atração literária da região na Mostra (a irônica Poesia Visual, que funde texto e imagem para confrontar o cotidiano), o Sesc da cidade vizinha, Santo André, tem escalado o projeto austríaco Aufwand/Display, que propõe uma análise estrangeira sobre como a população ocupa o vasto território brasileiro.

A programação musical ficou restrita a Santo André, com três projetos: Variações da Luz que Toca (do paulistano M. Takara, que explora ressonâncias diferenciadas para o som - mas também imagens), Nublu Orchestra e Butch Norris (vanguarda de vários estilos sonoros com artistas do Brasil e Estados Unidos), além de Som e Imagem Livre, projeto pernambucano que apresenta um show audiovisual sincronizado por software livre.

A programação completa está no site (www.sescsp.com.br).

Ordem é provocar

Neste ano, a Mostra Sesc chega com a proposta de transportar a arte do lugar-comum para novos suportes. A intenção com isso, de acordo com a historiadora Juliana Braga, (que assumiu a coordenadoria rotativa do evento neste ano), é provocar a reflexão poética, com um pausa na correria do dia-a-dia. "Foi o que serviu de estímulo para criar a programação", ela diz, sobre essa difícil tarefa. A agenda da Mostra traz 80 atrações, e inclui as unidades do Sesc em Santo André e São Caetano.

Estranhamento foi a palavra usada por Juliana - que também é assistente da gerência de ação cultural do Sesc, para descrever os efeitos que o evento pretende causar.

Pelo menos as peças da campanha publicitária para divulgá-lo, e que estão espalhadas pela Grande São Paulo, cumpriram com esse papel. Afinal, o que fazem aquelas pessoas posando para a câmera quando o foco do evento são obras de arte, e as sensações que elas provocam?

"O público está em primeiro plano", responde a historiadora. E seja em qual plano for, já que a Mostra deve oferecer, entre as suas atrações, um hibridismo de linguagens, que se identificam e misturam ("a arte não tem como fugir disso", ela justifica). E qualquer semelhança com os avanços da tecnologia não é mera coincidência.

Inspirado pela mobilidade da comunicação, o projeto Literatura Celular, por exemplo (que consta na programação da Mostra dentro do Sesc São Caetano, mas também em várias outras unidades da Capital), abastecerá com microcontos os telefones celulares de quem se cadastrar pelo site do Sesc. A iniciativa é inspirada pelos japoneses, é claro, mestres na tecnologia de telefonia móvel. "É uma característica da produção contemporânea de arte transpor os limites, dialogar e ocupar espaços urbanos", completa.

Com tudo isso, Juliana também espera que, aqueles sem muito acesso à arte, mudem a relação com ela ao serem surpreendidos sem aviso pela programação.




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