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Empresa do Grande ABC teme referendo sobre armas de fogo
Por Eric Fujita
Do Diário do Grande ABC
14/07/2005 | 08:14
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Demitir 12% do quadro de 1,2 mil funcionários no país e suspender os investimentos na fábrica de Ribeirão Pires para ampliar as exportações de munições. Mesmo contrariando o planejamento estratégico para os próximos anos, a CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos) poderá adotar esse caminho caso seja aprovada a proibição da venda de armas no referendo popular sobre desarmamento do dia 23 de outubro. Assim, 75 trabalhadores correm risco de demissão na região.

A proibição poderá entrar em vigor em caráter definitivo na data de publicação do resultado do referendo pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), se houver aprovação. Atualmente o Estatuto do Desarmamento (Lei Federal 10.826, de 22 de dezembro de 2003) restringe a venda de armas de fogo.

Para a CBC, o fim do varejo de armas de fogo acarretará imediatamente queda de 20% no faturamento caso entre em vigor – buraco aberto pelo desaparecimento do mercado de munições para armas leves de uso particular, utilizadas por pessoas com porte, mas sem pertencer às Forças Armadas ou polícias. Restará compensar as perdas ampliando as exportações, hoje responsáveis por 50% do faturamento, segundo o presidente da CBC, Antônio Marcos Moraes Barros.

O executivo afirma que os investimentos na produção previstos a médio prazo deverão ser deslocados para outros países. Se a proibição for aceita na consulta popular, o ramo de atuação da CBC ficará restrito somente às Forças Armadas e Polícias Militar e Civil – que representam 30% do faturamento em munições. A companhia é líder de vendas dos cartuchos do país, com 95% de participação no mercado interno.

Nas sete cidades do Grande ABC, 81,6% da população apóia o fim da venda de armas, segundo pesquisa do Instituto Brasmarket, publicada no domingo no Diário. Foram ouvidas 2.509 pessoas entre os dias 28 e 30 de junho na região.

Cortes – Barros, presidente da CBC, estima que a eventual proibição do comércio de armas de fogo deverá custar 150 postos de trabalho nas duas fábricas da empresa – 75 em Ribeirão Pires e 75 em Monte Negro, no Rio Grande do Sul. As unidades contam com 950 e 250 empregados, respectivamente.

"Estamos destinando ainda mais os nossos esforços para tentar completar essa fatia do mercado de uso particular com as nossas exportações na tentativa de evitar possíveis demissões", destacou. O executivo explicou que só neste ano a CBC investiu R$ 13 milhões na ampliação de produção, com a modernização de equipamentos.

O resultado do referendo sobre desarmamento também influirá no destino dos investimentos futuros da empresa. A extinção do varejo de armas de fogo obrigará a CBC a investir no exterior dinheiro antes programado para Ribeirão Pires, segundo Barros. No entanto, não revelou detalhes. Só no ano passado, as exportações da CBC cresceram 27%. Foram US$ 33 milhões, contra US$ 26 milhões em 2003.

Preocupação – Empresários de Ribeirão Pires receberam com preocupação a notícia da ameaça de demissões na CBC, assim como o secretário de Desenvolvimento Econômico, Marcelo Menato. Para ele, o fim do comércio de armas causará impacto negativo na cidade. "A CBC é a maior empregadora e pagadora de impostos da cidade."

Para o presidente da Aciarp (Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Ribeirão Pires), Ricardo Nardelli Júnior, o processo vai desencadear um efeito cascata que provocará a retração da economia local. "Além da queda na arrecadação, haverá menos consumo no comércio, pois haverá mais desempregados."




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