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Juiz chileno interroga Pinochet por tortura em Villa Grimaldi
Da AFP
18/10/2006 | 14:17
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O ex-ditador chileno Augusto Pinochet enfrentou nesta quarta-feira um primeiro interrogatório pela aplicação de torturas e pelos presos políticos que desapareceram na prisão secreta de Villa Grimaldi, onde também permaneceu presa a atual presidente do Chile Michelle Bachelet.

O juiz Alejandro Solís, encarregado do processo, interrogou durante uma hora o general Pinochet em sua residência no elegante bairro de La Dehesa. O objetivo do interrogatório foi esclarecer a responsabilidade de Pinochet no desaparecimento de 36 pessoas e as torturas sofridas por outras 23, de acordo com os antecedentes do processo.

Pinochet assegurou, no entanto, que não se recorda do que aconteceu na Villa Grimaldi, segundo assinalou Solís, em antecipar se indiciará ou não o ex-ditador.

O interrogatório foi possível depois que a Suprema Corte privou Pinochet de sua imunidade em 4 de setembro passado para dar curso a este novo processo pelos crimes atribuídos a seu regime (1973-1990).

A Villa Grimaldi, o casarão usado como prisão secreta pela ditadura e construído nos anos 30, foi demolido e foi transformado, atualmente, no Parque da Paz. Mas entre 1973 e 1978 as pessoas eram torturadas - em muitos casos até à morte - com métodos bastante diversos, incluindo choques elétricos e asfixia.

No fundo do parque ainda há uma pequena casa de pé, onde ficavam os agentes da Brigada de Inteligência Metropolitana. Agora foi transformado numa espécie de museu, com fotos e objetos de alguns dos desaparecidos.

Em abril de 1991 o Chile reconheceu oficialmente - através do informe da Comissão Verdade e Reconciliação - que a Villa Grimaldi foi um centro de torturas e desaparecimentos.

Entre os muitos presos e torturados do lugar figuram a recém-eleita presidente do Chile e sua mãe. Depois de libertadas, se exilaram na Austrália e depois foram para a Alemanha Oriental.

"A tortura é terrível, principalmente do ponto de vista psicológico porque humilha a pessoa”, comentou Bachelet anos mais tarde. Um de seus torturadores, oficial do Exército, foi até bem pouco tempo vizinho da nova presidente no prédio de apartamentos da zona leste de Santiago em que ela morava.




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